10. First Day

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O que eu mais tenho feito nestes dias é pensar, pensar e não paro de pensar.

Mil perguntas invadem a minha cabeça e eu não consigo ter as respostas. Alias, ninguém consegue apenas o tempo. O tempo é quem tem as minhas respostas, o futuro.

Mas voltando á realidade, estou agora na paragem á espera do autocarro que me vai levar ao campus. Vejo alguns estudantes impacientes, tal como eu, que devem ter o mesmo destino que eu.

Muito já me passou pela cabeça nestas horas no comboio incluindo desistir e voltar para trás.

Tenho medo. Que tudo corra mal. Que corra ainda pior do que no período anterior, que todos me odeiem mais do que me odiavam na outra universidade.

Mas não o fiz porque sempre posso experimentar. Quer dizer, experimentar não. Eu vou ficar naquela universidade e acabar o curso que quero. E se me odiarem? Ignoro. Tão simples quanto isso.

Pensei também no Antony. Tenho um pouco de pena dele, afinal eu "magoei-o". Pus entre aspas porque eu não sei se o magoei mas eu vi a cara de tristeza com que ele ficou quando eu rejeitei o seu pedido para ir ao cinema e.. Eu fui fria, muito fria com ele quando ele foi a minha casa.

"Ahh, que estupida." Bati-me mentalmente. "Agora que arranjas alguém que goste de ti dás-lhe com os pés." O meu subconsciente adiciona.

Eu não me entendo. Eu gosto dele, é querido, simpático e bastante giro mas sempre que nos beijávamos eu sentia que não devia fazer aquilo, sentia que estava a trair alguém. Mas quem? Não tenho namorado nem nunca beijei ninguém porque é que eu sentia isto?

Foi esta a sensação que me fez deixar o Antony, foi esta sensação que me fez ter aquela frieza com ele mesmo sabendo que ele não a merecia. Afinal ele foi tudo o que uma rapariga pode desejar de um rapaz numa noite. Foi querido, elogiou-me nos momentos certos, não foi nem muito depressa nem muito devagar. Foi perfeito e eu fui uma estupida com ele. Ahh.

"Desculpe menina não vai no autocarro?" Uma velhinha sentada ao meu lado acorda-me dos meus pensamentos fazendo ver que o autocarro estava já a fechar as portas.

Levantei-me o mais rápido que pude e comecei a abanar os braços e a pedir para que espere e a bater nas portas que se fechavam a minha frente. Muito normal, claro.

Acho que o motorista percebeu o meu pedido porque fez as portas abrirem de novo e me deixar entrar.

Sentei-me na segunda fila de bancos, que se encontrava vazia quando entrei. Pousei as minhas coisas no banco do meio e sentei-me no banco do lado da janela.

Voltei a por os meus fones nos ouvidos e encostei a cabeça na janela fechando levemente os olhos de forma a esquecer o que me rodeia.

Tinha uma hora de autocarro pela frente até ao campo, podia aproveitar para desancar e tentar acalmar os nervos que a cada quilómetro percorrido se tornavam maiores.

* * *

Acabei por adormecer e ser acordada pela mesma senhora que me acordou dos pensamentos á uma hora atras.

Sai do autocarro e por momentos esqueci-me de tudo o que tinha andado a pesquisar na noite passada. Esqueci-me para que lado era a Universidade, esquerda ou direita? Ou devo ir em frente e virar á esquerda? Os nervos apoderaram-se de mim.

Decidi, a medo, ir pela esquerda e seguir o caminho até chegar a uma zona bem mais movimentada. Uma zona cheia de pessoas stressadas. Todas a correr de um lado para o outro para os seus trabalhos.

Olhei para o relógio e vi que tinha que estar dentro de uma hora na universidade para tratar do quarto e poder ter a minha primeiro aula. Já começava a reconhecer o sítio e sabia que faltavam cerca de dez minutos até chegar a universidade o que me dava algum tempo para parar num café para comer algo.

the boy of library // h.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora