7. Alguém me derruba.

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Acordo com una preguiça e uma vontade de continuar na cama, tive um sono bom, mas não lembro do sonho que tive.

Me levanto da cama e olho o relógio na parede. 8:25 A.M. desso as escadas e vou para cozinha, não tem ninguém acordado ainda,estranho.

Pego um copo e encho de suco de laranja que estava na geladeira, subo as escadas para o meu quarto enquanto dou um gole do suco gelado.
A porta do quarto deles está entre aberta, o que não acontece muito já que eles não gostam de luz da manhã no rosto, nem do frio.
Ando em direção a porta deles e olho pela fresta procurando algum sinal de vida no enorme quarto azul marinho, encontro a cama encostada na parede. Vazia. Ninguém estava ali, meus pais nunca me deixariam sozinha em casa! Será que eles avisaram que iriam sair?
O que eu fiz ontem?
Ai! Não consigo lembrar de ontem.
  Volto em direção ao meu quarto para pegar o meu celular e ligar para eles, mas a porta agora está fechada.

Mas eu a deixei aberta....

Levo a mão na direção da maçaneta e a giro, mas a porta está trancada.

Meu quarto só pode ser trancado por dentro....

O que esta acontecendo aqui?

Deço as escadas com pressa mesmo que o sono e a dor de cabeça que acaba de chegar tentam fazer com que eu deite e durma.

Chego na sala e a casa está em um completo silêncio, nada nem ninguém além de mim parece estar na casa. Vou até a porta principal que dá passagem ao jardim, mas ao invés de encontrar uma porta de madeira pintada com verniz e uma janelinha de vidro no topo, encontro uma porta gélida e branca que faz meus olhos arderem por um tempo.... Acho que já vi essa porta em algum lugar, mas tenho certeza de que não foi aqui em casa.

Vou até a janela que está acima do sofá bege da sala, a janela está coberta pela cortina salmon que minha mãe adora, afasto a cortina para ver o jardim, mas tudo o que eu vejo é um quadrado branco no lugar das janelas.

O que está acontecendo?

Me viro para o centro da sala e avisto a porta de trás que fica na cozinha, percebo movimentação e corro até, vai que alguém me ajuda!

A porta era diferente da porta branca da entrada que por sinal estava trancada, essa também estava trancada mas era de madeira envernizada e tinha a janelinha de vidro de sempre, olho pelo vidro e vejo pessoas passeando com seus cachorros, vejo casas ainda fechadas e outras abertas, vejo uma vila normal.
Mas algo ali estava diferente, aquela não  era a minha casa.

Onde estaria Lia, minha mãe e meu pai?

Estou sozinha.

Alguém bate na porta que está a minha frente me tirando do meu drama.
Olho pela janelinha.
Gabriel.

Abro a porta e ele entra.

Mas a porta estava trancada.

No momento eu não penso nisso apenas pergunto o que houve.

-Eu....minha casa.....ÁGUA.... - ele estava ofegante e nem conseguia terminar a frase direito,só o que saiu foi uma frase sem pronomes, ou verbos de ligação.

-Calma! Respira.

-Eu vim correndo....depois que a minha casa foi.....inundada - ele fala mais calmo mas na última palavra ele fecha os olhos como se quisesse esquecer o que aconteceu. -Eu quase morri. Só eu. Não tinha ninguém em casa e a porta da frente estava trancada!

Espera....sozinho?





  
*Gabriel*

Levanto do sofá vermelho couro, que é horrível pra dormir, mas que meu pai ama. Levanto e tento lembrar por que eu não estou na minha cama, mas desisto de fazer tanto esforço.
Vou até o banheiro e me olho no espelho, não estou como sempre, estou com roupas que nunca tinha visto na minha vida.

Eu devia estar em uma festa ontem sei lá....

Penso antes de encher minha mão   de água e jogar no meu rosto o lavando.
Fecho a torneira, seco meu rosto e volto para a sala, ainda são 8:25, meus pais acordam tarde então nem vou lá.

Ligo a TV que já estava em um canal, nunca tinha visto aquele canal na minha vida, estava passando um programa sobro o fundo do mar, mas não saía som, apenas o mar, desde a superficie até a parte abissal, mas....era um documentário aquilo?
Do nada  a tela fica preta e agora sai um som de água caindo, mas sem imagem, então do nada aparece imagens de tsunamis, casas destruidas e alagadas, pessoas se afogando, água caindo, e aquilo começa a me apavorar, despertando minha Aquafobia, fico nervoso e desligo a televisão.
Me levanto do sofá e me viro para as escadas pra chamar meus pais, algo me diz que tem alguma coisa errada, me espanto enquanto olho pra escada que agora virou uma cascata e água escorre escada abaixo alagando a parte de baixo da casa.

O único banheiro que tem no andar de cima são das suites, mas eu não estava no meu quarto então....

Tento subir as escadas com cuidado para não escorregar mas a água me leva para baixo fazendo eu cair no chão me sufocando com a água que cai em cima de mim me impedindo de respirar, me levando enquanto engasgo com a água amarga que insiste em entrar na minha boca.

Meus pais....

Corro em direção a porta da frente mas está trancada e a chava que ficava no vaso de planta ao lado da porta não está lá.
Vou em direção a porta de trás que fica na área de serviço mas também está trancada, me viro e vejo os móveis leves boiando, e a água indo em direção da onde eu estava....eu vou morrer.

Pensa!
Pensa!
Pensa!
PENSA!

Corro até a máquina de lavar subo nela e me estico até minhas mãos encontrarem a janela que tem ali e que por sinal eu nunca tinha visto, seguro a janela e puxo meu corpo para cima até conseguir passar pela pequena janela, se torna difícil já que a janela é pequena, sinto a água nos meus calcanhares e me empurro pela janela mas a metade do meu corpo ainda fica dentro da casa e a água aumenta ainda mais rápido agora, forço para sair dali até conseguir, caio na grama seca e a água de dentro da casa sai como uma cascata pela janelinha me encharcando novamente,  me levanto cuidadosamente com receio de escorregar e cair, mas eu caio sem precisar escorregar. Alguém me derruba.





[...] alguém me derruba.

Desculpa gente esse capítulo ficou curtinho,as prometo que o próximo será grande.

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