Sorrisos, abraços e olhares

Ⓟⓐⓡⓣⓨ

Meu querido Tyler,

Nunca fui muito de sair, mas naquela noite alguns amigos haviam me arrastado para aquela maldita festa. Não demorou muito para que eu os perdesse de vista, provavelmente estavam em algum canto, beijando ou bebendo.

Caminhei até o balcão de bebidas, desviando da multidão. Me sentei e retirei do meu casaco um exemplar de bolso de " Quem é você Alasca ". Eu não esperava conversar com ninguém. Eu não queria conversar com ninguém.

Mas você chegou.

- Oque está lendo?

Era perceptível o sorriso debochado em seu rosto. Você sempre foi assim, invasivo e presunçoso, gostava de tirar as pessoas da zona de conforto. E foi exatamente oque fez comigo.

Fiquei em silêncio.

- Não quer responder? Ok. Apenas saiba que ela morre no final.

Eu soltei o livro no balcão e te encarei.

Porra! Como você estava lindo.

Um misto de raiva e vergonha se espalhou pelo meu corpo. Você era alto, cabelos escuro, olhos castanho claro e tinha um lábio que muitas mulheres matariam para ter.

- Podemos conversar agora?

Disse me olhando fixamente.

- Não.

Eu não queria conversar. E você provavelmente sabia disso.

- Por que alguém trás um livro para uma festa?

As pessoas matariam para ter uma noite com você, matariam para simplesmente conseguirem seu número. Então porque estava aqui perdendo tempo comigo?

- Você é sempre tão curioso assim?

Perguntei sem ao menos querer uma resposta.

- Só quando algo me fascina.

Eu corei. Poucas coisas no mundo me fazem corar. Mas você conseguiu.

Continuava a te ignorar, e você continuava a me encarar. Quando percebeu minha vermelhidão, você riu.

- Tenho cara de palhaço?

Perguntei.

Tyler querido, você estava me irritando de uma forma obsurda.

- Não, palhaços são mais educados.

Me virei.

Eu realmente achava que tinha acabado, achei que tinha se cansado, mas para minha surpresa, você estava sorrindo.

- Vamos fazer um acordo.

Você propôs.

- Um acordo?

Gostaria de saber oque havia visto em mim. Gostaria mesmo.

- Sim. Você me passa seu numero e eu te deixo em paz.

Como se fosse algo natural, você retirou de seu bolso um pedaço de papel e uma caneta. Colocou os dois sobre o balcão a minha frente.

- Nunca.

Respondi desviando o olhar.

- Então acho que nossa conversa vai durar mais algumas horas.

Você sorrio novamente.

Revirei os olhos. Peguei o papel, amassei e joguei longe.

- 9 9873-(...)

Começei a ditar rapidamente meu número enquanto você me encarava com um olhar neutro.

Não iria facilitar pra você Tyler, nunca facilitei. E você sempre adorou isso.

Quando terminei você se levantou e foi embora.

Finalmente ele desistiu...

Pensei.

Mas, pra minha infelicidade, você nunca desiste.

Nunca.