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O tempo estava nublado. Nuvens acima de mim deixavam meus passos ainda mais dolorosos. Uma vez ou outra eu desviava o olhar para alguma flor.

Mas de que importa?!
O mundo, para mim, não tinha mais cor.

Meu olhar depressivo encarava a límpida placa de mármore, meus ombros caídos, minhas mãos tremendo segurando as folhas onde estava escrita minha carta.

- Vamos lá Noah... - Sussurrei.

Ao colocar as folhas sobre o mármore minha mente perdeu o foco, minha visão ficou turva e, antes que pudesse perceber já estava com a cabeça em memórias antigas, memórias minhas e de Tyler.

- Por que alguém trás um livro para uma festa?

- Você é sempre tão curioso assim?

Meus olhos encheram de lágrimas ao lembrar de nosso primeiro encontro. Tyler havia me cativado tão rapidamente quanto havia me deixado.

- E então... vai sair comigo por bem ou por mal?

Um sorriso fugiu de meus lábios ao lembrar do seu jeito Tyler de ser. Não se importava em expressar oque sentia. Você foi a pessoa mais transparente que já conheci.

-Tyler...

- Diga, bebê.

- É que... er... o sofá não é muito confortável. Então se preferir, tenho um colchão sobrando aqui no quarto.

A essa altura meu rosto estava sendo preenchido por lágrimas. Ah Tyler, eu era seu bebê.

- Esse vai ser nosso segredinho...

Depois de tantas memórias, de tantas lágrimas, minha mente estava mais calma. Até que uma lembrança a invadiu e tomou meu foco.

Você estava demorando demais. O restaurante não era muito longe. Resolvi então ir atrás, mas quando cheguei no térreo pude ouvir uma multidão aglomerada em frente ao prédio.

O medo tomou conta de mim. Me aproximei, e pude por fim confirmar oque temia, era você, deitado no concreto e sangrando.

Eu cai de joelhos e entrei em dessespero. Algumas pessoas comentavam algo sobre atropelamento, impacto e outras coisas. Isso não me importava, eu só queria que você estivesse vivo.

As ambulâncias chegaram, policiais, repórteres, mídia. E você continuava deitado. Você não acordou, querido. Você me deixou. Me abandonou.

- TYLER!!!

Quando voltei de meus devaneios, já era tarde, minhas lágrimas caiam sem controle.

Soltei as folhas sobre a lápide e me levantei. Antes de me afastar totalmente senti um calafrio na minha nuca, e então algo aconteceu, senti um cochicho suave.

Eu te amo.

- Eu também te amo, Tyler. - Respondi abrindo um sorriso delicado.

Poucas pessoas vão acreditar em mim, mas oque aconteceu foi verdadeiro, na verdade foi mais que isso, foi amor.

Um amor cheio de perfeitas imperfeições...

O nosso amor...

Sorrisos, abraços e olharesOnde histórias criam vida. Descubra agora