A espada e a fera

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Livre. Era assim que Erwin se sentia. O peso sobre seus ombros havia sido retirado, na verdade, fora dizimado por completo. Quase acreditava que poderia flutuar de quão leve agora se sentia. E o melhor? Não precisava mais se conter. As dúvidas e receios já não tinham sido esquecido... O jovem coelho nem ao menos esperou, ansiava pela a presença do lobo, como uma planta assim necessita de água para se saciar. Como necessita da luz para se alimentar. Sim, era vital o toque da pele, dos lábios, dos cabelos cor de fogo...

– Erwin... – Rosnou Aubert que já tinha eliminado a distância entre eles, pelo visto, o agricultor não era o único acometido por uma forte onda de desejo, incontrolável ... O lobo da patrulha, segurou a face do seu amado. Suas mãos ásperas, calejadas, navegaram até o coro cabeludo do coelho, segurando forte os cabelos loiros e castanhos de sua alma gêmea e o puxando para um beijo ardente. Lábios. Dentes. Compensariam o tempo perdido sob o domínio da insegurança e do medo.

Owen e Daly haviam falado algo...Mas as palavras pareciam tão distantes, não detinham nenhum sentido para o casal que se perdia em seu próprio mundo de amor e paixão.

O lobo biólogo tentou ignorar a pegação dos seus amigos, mesmo que era meio difícil de fazê-lo, afinal, Erwin e Aubert estavam apenas a poucos palmos de distância de onde ele estava sentado...

– Francamente... Eles bem que podiam esperar um pouco até saímos da caverna... – Resmungou, Daly estava tão envergonhado com aquela demonstração explicita de afeto que nada falou.

A agitação da água não perdurou por muito tempo, por um momento Owen e Daly pensaram que não haveria nenhuma previsão devido a calmaria, mas essa logo fora quebrada com o surgimento de uma única flor de pétalas brancas, emergindo das misteriosas águas.

Daly...

As vozes do outro mundo se pronunciaram, o coelho observou atentamente a flor, havia algo naquilo...Algo que remetia ao passado. Sabia que já tinha visto uma flor assim antes.

A flor começou a afundar.

– Espere! – Clamou, aquilo não podia ser o fim da visão, ainda não tinha conseguido inferir o significado. Entretanto apesar de seu pedido a flor afundou, mas em seguida se materializou uma coroa de flores, do mesmo tipo da anterior, flutuando quase sobre a cabeça do coelho.

– Mas o que... – Ainda não tinha entendido.

– Ah! – Owen bateu o punho fechado sobre a palma de sua mão aberta – Captei a mensagem!

– Sério? – Daly não podia esconder sua irritação pelo fato de seu irmão ter deduzido a previsão, deve-se enfatizar que aquela era a previsão de Daly! Não era justo que Owen descobrisse antes! – O que...

Pétalas de flores começaram a cair sobre a cabeça do coelho, mas essas antes de tocarem seu cabelo platinado ou suas orelhas brancas, esvaeceram em uma chuva de pó prateado.

– Só foi isso? – Choramingou o químico – Tipo.. Isso teria algo a ver com Arturo?

– Maninho, só você se lembrar de quando erámos bem pequenos... – Owen deu a dica – Bem, não sei se existe alguma regra contra sobre outros ajudarem na explicação da previsão, ainda mais... Eu só acho que sei, digo, pode ser que possa estar errado. Essas previsões são feitas para cada um de nós, trata-se de algo particular e que, como vimos em relação a Erwin e Aubert, se você conhece seu parceiro fica evidente. Acho que as estrelas não iriam mostrar algo que você não possa concluir o significado depois de analisar...

– Mas..– Semicerrou os olhos, como tentasse forçar seu cérebro a pensar. Não podia negar que aquelas flores lhe remetiam a uma lembrança, algo em sua infância...

Lobo vs CoelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora