Destino

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O lobo subiu na cama, retirando antes as botas gastas que usava. Matt o observava com desconfia, afinal, quantos anos eles não se encontravam? Aquele lobinho maluco parecia não ligar muito para esse fato...Portando com naturalidade e totalmente relaxado na presença do coelho. Popiru resolveu se ausentar, voando para a noite talvez para fazer coisas próprias de besouros.

– Onde estamos? – Inqueriu o coelho levando a mão a cabeça ainda dolorida e enfaixada.

Owen o observou, levemente levantado, apoiado em seus cotovelos.

– Acho que deu para perceber que estamos na vila dos lobos, afinal... Além de mim, existem muitos lupinos lá fora, não?

– Isso eu sei! Não foi o que perguntei! – Coelhos não costumam rosnar, mas Matt conseguia alcançar um som muito próximo dos rosnados de um lupino, algo que sempre fascinou Owen.

– Oh? E o que exatamente você perguntou? Acho que você deveria deitar um pouco... – Nisso o lobinho sorridente deu uma tapinha no espaço ao seu lado da cama, Mathrew queria resistir...Mas aquela oferta era difícil de ser negada. Relutante, se aproximou do local onde Owen se deitara e se sentou na beirada, recebendo um olhar inquisitivo do lobinho.

– O que questionei é aonde estou precisamente...Digo, essa casa! Ela é sua?

– Não! Essa casa é do nosso líder! Quando te salvamos do que ocorreu no muro...

Salvamos? Você está se incluindo nesse feito ou só está relatando de forma impessoal a história?

– Hã? – Owen tomba a cabeça para o lado – Obvio que estou me incluindo na história! Fomos nós, eu e meus amigos, que te salvamos! Depois é que vieram a patrulha da fronteira...Ou seja, os ditos "profissionais". – Fez questão de enfatizar as aspas.

Matt franziu o cenho.

– O que fazia perto do muro?! É perigoso!

O lobo rolou os olhos com aquela fala.

– Olha, eu nem estava perto do muro antes da explosão ocorrer, se quer saber...Só fui para lá atraído pela confusão. – Revelou como fosse a coisa mais lógica a se fazer.

– Normalmente pessoas sensatas fogem da explosão e não vão em direção a ela!

– Pessoas sensatas não teriam te salvado, seu idiota! – Agora Owen estava aborrecido – Você está brigando comigo por eu ter me arriscado para te salvar, é isso? Acho que vou é chamar o curandeiro, pois é obvio que seu cérebro foi afetado! Se eu não tivesse tomado essa iniciativa, não estaríamos conversando agora, então não me venha a me dar lição de moral!

– Eu só... – Mathrew soltou um suspiro e abaixou a cabeça, fitando suas próprias mãos, havia curativos nelas, mas as marcas das antigas cicatrizes ainda estavam visíveis. Não era assim que tinha imaginado o seu reencontro com Owen, ainda mais, mesmo que fosse algo muito difícil de fazer, não queria brigar com ele – Você é importante para mim...

Sim, era verdade, mesmo tendo encontrado poucas vezes aquele irritante lobo (duas vezes, para ser mais exato), Owen, tinha ocupado uma grande parte de seu coração (não que fosse admitir isso em voz alta...Espere...Ele acabara de admitir isso! A batida na cabeça estava mesmo afetando o seu raciocínio).

– Ei... – A mão do lobo se colocou sobre as suas – Você também é importante para mim, mas, sabe? Eu sou assim... Tipo, acho que deve ter reparado na minha personalidade nas vezes que nos esbarramos, não é mesmo?

Lobo vs CoelhoOnde histórias criam vida. Descubra agora