DOIS

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Aconchegando-se sobre o sofá, puxou as cobertas sobre suas pernas enquanto dava play no filme que havia selecionando depois de minutos em pura indecisão entre um romance do Nicholas Sparks e um filme de ação com o Tom Cruise. Ela adorava um bom romance, fazia com que em sua cabeça ainda criasse a fantasia de que um dia o seu "príncipe" iria aparecer, mas estava cansada de tantas decepções amorosas que deixando O melhor de mim de lado, optou por Vanilla Sky, um romance cheio de mistério e fantasia.

Mergulhando a mão no saquinho de pipoca amanteigada levou um punhado delas a boca, apreciando o saboroso gosto da manteiga derretida. Ela ainda mantinha os pensamentos nos lírios que havia ganhado naqueles últimos dias; de dois em dois dias recebia lírios novos, e sem que percebesse se desligou da realidade deixando que seus pensamentos voassem para a pessoa que havia lhe enviado eles. Uma pessoa que não tinha rosto e nem nome, até o momento, mas que estava a cada dia ganhando um espaço maior em seus pensamentos, e isso lhe irritava, ninguém tinha ocupado seus pensamentos dessa forma desde que pôs fim ao seu noivado com Bryan.

O filme era uma grande pedida para aqueles que estavam afim de um mistério, mas para Alex, bom ela nem ao menos percebeu quando os créditos finais passaram pela tela, deu-se conta que o filme havia chegado ao fim quando a tela ficou preta, acabando com a pouca claridade que havia na sala de seu apartamento. Desligou a televisão com o DVD e guardou o copo de vidro que havia utilizado para beber Coca-Cola, jogou o saquinho de pipoca no lixo e enrolando-se na coberta caminhou para o quarto se jogando na cama após escovar os dentes e analisar as marcas de cansaço que surgiam em sua pele.

O céu estava nublado e chovia um pouco quando os primeiros raios de sol, ainda fracos ultrapassaram as cortinas pesadas que cobriam a janela de vidro de seu quarto. Sentia frio e um pouco doente, arrastando-se da cama, deixou que a água morna do chuveiro caísse sobre seu corpo aliviando o cansaço que ainda sentia pela manhã.

As noites estavam sendo mal dormidas, ainda tinha alguns pesadelos com o pai morto e o irmão que há semanas não dava sinal de que estava vivo em alguma parte do mundo. Ela sentia sua falta, mas não ligaria pedindo que voltasse. Era assim que ele lidava com a dor, simplesmente sumia e quando era suportável, retornava para casa, foi assim quando Joana morreu e também foi assim quando o pai a poucas semanas os havia deixado.

Ela encarava tudo de frente, enquanto Tyler – seu meio-irmão – apenas fugia de tudo e lidava sozinho com a dor que sentia viajando pelo mundo e ajudando aqueles que precisavam de sua ajuda. Tyler havia viajado para o Paquistão assim que soube da morte do pai, mas Alex não o culpava por tê-la deixado sozinha nesse momento. Ela entendia, e mesmo não aceitando o jeito que ele tinha de lidar com as coisas, sempre o apoiou e sempre apoiaria.

Como você está? Me dê notícias, já fazem dias.

O café quente queimava sua garganta enquanto bebericava o mesmo, e encarava a mensagem que havia enviado ao irmão. A cafeína era a única coisa que a mantinha acordada na parte da manhã, ainda não estava acostumada com o céu sempre fechado e o frio que fazia em Chicago. Na Califórnia era sempre sol e mais sol, e agora tendo que viver nesse lugar onde até o sol era frio, se sentia sufocada e infinitamente cansada.

Quando colocou os pés na empresa, Amélia lhe surpreendeu com outro jarro de lírios, o mesmo sorriso intrigado brincou em seus lábios. Vasculhou o ramalhete em busca de um cartão enquanto caminhava para sua sala com o jarro nas mãos. Fechou a porta de madeira com o pé, deixou o jarro em cima de sua mesa e pediu que Amélia descartasse último que havia recebido, abriu o envelope e com as mesmas letras cursivas que a perseguiam nos últimos dias um convite para o almoço estava escrito.

Pensativa, balançava o cartão entre os dedos polegar e indicador.

— O cara é ousado. – admitiu.

Conrad • Amores Corrompidos • 1Onde histórias criam vida. Descubra agora