SETE

383 98 261
                                    

Alex se mantinha concentrada no relatório que o Dr. Young havia enviado por e-mail para ela, ele estava a semanas tentando a contatar, até chegaram a marcar uma reunião, mas sempre surgia algum imprevisto impedindo que o encontro acontecesse, porém, ele não podia esperar mais, estava preocupado com os últimos acontecimentos.

Desde que Henrique Lexiver foi assassinado, três laboratórios foram atacados, remessas de remédios roubados e dois seguranças foram mortos. Ele estava preocupado de que esses roubos continuassem acontecendo e que mais pessoas morressem. A polícia apareceu no local, depoimentos foram tomados, evidências coletadas, mas nenhuma medida havia sido providenciada.

A diretoria havia sido informada do caso, mas mesmo assim não fez nada. Apenas abafou as coisas, sendo assim, ele não teve outra opção a não ser enviar um e-mail contando detalhadamente a Alexsandra o que estava acontecendo.

Tirando os olhos da tela do notebook, Alex alcançou o telefone e discou o ramal de sua assistente pedindo que convocasse uma reunião de emergência com a diretoria, ela precisava saber o que estava acontecendo e o porquê de não ter sido informada sobre os ataques quando o primeiro aconteceu, queria saber porque a informação havia sido escondida dela.

Alex estava sobrecarregada com o tanto de adversidades que vinha tendo com a diretoria, eles estavam tentando subjugá-la, mas ela se mantinha firme em suas decisões, e agora mais um problema havia sido jogado em seu colo.

Duas horas depois, a diretoria se encontrava na sala de reuniões, o clima tenso era palpável entre os diretores, eles não sabiam do que se tratava a convocação de emergência, por isso não faziam questão de esconder o desconforto que era estar ali, esperando que a princesinha da Farmadic Collor entrasse na sala e começasse a ditar coisas, como Alex estava fazendo desde que assumiu o lugar de seu pai. Ela tinha que mostrar quem mandava, senão a esmagariam como se fosse um inseto.

Entrando na sala ampla e bem iluminada, Alex se posicionou na cabeceira da mesa oval, sobre a mesa não havia nada além de garrafinhas d'água, que Amélia fez questão de colocar antes deles se reunirem, ela pressentia que dali não sairia nada bom.

O semblante de Alex estava fechado e o sorriso discreto que sempre mantinha nos lábios não estava presente. Ela estava furiosa com o que vinha acontecendo bem debaixo de seu nariz. Como ela não percebeu as coisas antes? Como deixou que algo daquele tamanho passasse, sem que ela notasse? Apoiando as duas mãos sobre o tampo de vidro da mesa, mexendo com os dedos fazendo com que as unhas longas pintadas de preto fizessem um pequeno ruído, arqueou a sobrancelha bem-feita e passou a língua umedecendo os lábios cobertos por um batom vermelho-escuro, antes de dizer:

— Qual de vocês vai me contar, o porquê de eu não ter sido informada sobre os arrombamentos em laboratórios da empresa? – sua voz era dura, ela não estava para brincadeira, estava cansada de ser a garota boazinha.

Ela queria respostas e as teria.

Ela podia ver os olhos de cada pessoa na mesa se arregalando com o seu pronunciamento. Eles não tinham ideia de como a notícia havia chegado até ela, eles tomaram o cuidado de abafar tudo, mas pelo jeito, algo havia escapado deles, e agora ela estava exigindo respostas que eles não dariam.

Gargantas foram raspadas, copos de água levados a boca, testas escorrendo suor, mas nenhuma palavra foi mencionada. Nenhum dos quatro diretores havia tido a coragem de se pronunciar sobre o ocorrido.

— Ninguém? – puxou a cadeira de couro e se sentou cruzando os braços sobre a mesa. Estava furiosa e a ponto de perder toda a compostura. Avaliando as pessoas a sua frente, se serviu de um pouco de água antes de continuar. — Sr. Mitchell, por que não me conta o que aconteceu? – o baixinho careca suava sem parar, o que levou Alex a perceber quem era o elo fraco no meio dos tubarões.

Conrad • Amores Corrompidos • 1Onde histórias criam vida. Descubra agora