STUART TELEFONOU À UMA E MEIA da tarde. Eu estava no trabalho, sentada com Caroline, conversando sobre os candidatos às vagas no depósito.
— Alô?
— Oi, sou eu. Está podendo falar?
— Claro.
— Acabei de visitar a Senhora Lá do Térreo.
— Como ela está?
— Não muito bem. Parece que está inconsciente desde que foi hospitalizada. Fizeram várias radiografias. Ela deve ter batido a cabeça com mais força do que pensavam.
— Que horrível.
— Eles me perguntaram se eu conhecia algum parente próximo dela.
— Eu não conheço ninguém.
Caroline me lançou um olhar interrogativo, querendo saber se deveria sair. Fiz sinal para que permanecesse sentada.
— Podíamos tentar a imobiliária. Talvez tenham algum nome nos arquivos, quem sabe?
— Vou tentar telefonar para eles hoje à tarde — disse Stuart.
— Se você não puder, deixe que eu ligo.
— Tudo bem, eu lhe aviso.
Houve uma breve pausa. Eu me perguntei se ele andava pensando naquele beijo. Eu pensava bastante.
— A que horas é o seu voo amanhã?
— Cedo. Volto domingo à noite. Vai sentir minha falta?
Eu ri.
— Não, claro que não. A gente mal tem se visto durante a semana, você está sempre trabalhando.
— É, talvez eu devesse começar a reavaliar minhas prioridades.
— Talvez.
Ele estava flertando comigo? Parecia que sim. Fiquei pensando como seria essa conversa se ele estivesse sentado ali ao meu lado, no lugar de Caroline.
— Posso ligar para você amanhã?
Ele definitivamente estava flertando comigo.
— Aposto que você vai ter coisa melhor para fazer.
— Até parece. É só meu pai e Rachel.
— Mesmo assim. Foi você quem disse que quase não vê sua família. Aproveite enquanto estiver por lá. E também podia aproveitar para descansar um pouco; você tem trabalhado demais.
— Eu queria saber como foi a sua consulta com Alistair. Como está se sentindo em relação a isso?
— Foi bom. Para ser sincera, estou tentando não pensar no assunto.
— Eu ligo para você amanhã à noite. Se não quiser falar comigo, é só desligar o telefone.
— Talvez eu faça isso. Dependendo do meu estado de espírito. Olhe, preciso voltar ao trabalho. Boa viagem para você. A gente se vê semana que vem.
— Ok.
Desliguei.
— Deixe-me adivinhar — disse Caroline. — Era Stuart?
— Nossa vizinha do térreo sofreu uma queda uma noite dessas; foi levada em uma ambulância. Stuart foi visitá-la. Ela não está indo muito bem.
— Puxa, que pena.
— Vou tentar visitá-la amanhã à noite, talvez até lá ela já esteja melhor.
— Ele vai sair de férias ou o quê?
— Vai a Aberdeen ver o pai e a irmã.
— Você estava sendo bem durona com ele — disse ela.
— Estava? Não estava. Você acha?
Ela ergueu as sobrancelhas em resposta.
— Ele me perguntou se eu ia sentir falta dele — falei, tentando me lembrar se eu havia imaginado aquele tom diferente na voz dele.
— É claro que você vai sentir falta dele.
— São só quatro dias, Caroline, pelo amor de Deus. Ele trabalha tanto que às vezes fico a semana inteira sem vê-lo, não vai ser diferente só porque ele estará em Aberdeen.
— E ele vai ligar para você?
— Diz ele que sim.
— Então é isso — disse ela. — Se ele ligar para você todos os dias até voltar de Aberdeen, você vai saber.
— Vou saber o quê exatamente?
— Que ele está apaixonado por você.
Fiquei assustada por um instante. Eu não tinha pensado nesses termos antes. Pensava em Stuart como
alguém em quem podia confiar, alguém que compreendia o que podia estar se passando na minha cabeça, até mesmo como alguém que me achava bonita e provavelmente estava a fim de sexo.Mas não como alguém que pudesse estar apaixonado por mim. Não alguém por quem eu pudesse estar apaixonada.
— Você por acaso é vidente, é? — falei, rindo de sua expressão solene.
— Anote o que estou dizendo — retrucou ela. — Você vai ver.
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No escuro
Детектив / Триллер( Não se assustem pela quantidade de capítulos, o livro físico tem apenas 313 páginas, mas é dividido por dias, então cada capítulo aqui é um dia. ) Catherine está no controle de sua vida .Bem-sucedida,sai toda noite para beber e dança com as amigas...