Terça-feira, 25 de dezembro de 2007

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QUANDO SAÍ PARA VOLTAR AO APARTAMENTO de Stuart, ouvi vozes antes mesmo de entrar.Tinham deixado a porta aberta, algo que normalmente teria me desestabilizado por completo,mas, enfim, a casa não era minha.

Stuart estava na cozinha. Quando viu que eu me aproximava pelo corredor, tendo fechadoa porta com firmeza ao entrar, ele parou de falar no meio da frase e ficou me observando.

Então, ao chegar à cozinha, lá estava finalmente Alistair Hodge.

- Ah, essa deve ser a fantástica Cathy; ouvi falar muito sobre você. Como vai?

- Muito bem, obrigada. Prazer em conhecê-lo.

Apertei sua mão e aceitei a taça de vinho que ele me ofereceu, pensando imediatamente que eu precisava ir com calma na bebida.

- Venha se sentar aqui comigo, e vamos ver se conseguimos encontrar alguma música animada para ouvir.

Olhei de soslaio para Stuart, que ficou para trás enquanto Alistair me conduzia até a sala.Ele sorriu e deu uma piscadela, depois voltou a preparar a comida

.Alistair era um homem de porte largo, tinha um jeito bem relaxado e o seu cabelo estava ficando grisalho precocemente, como o meu. Sua barriga imensa estufava a camisa de algodão e repousava sobre o cós da calça de veludo marrom. Apesar de sua ampla circunferência, ele parecia bem ágil, e levantou-se alegre do sofá para ir pegar mais alguns CDs da coleção de Stuart quando acabamos de ver os que estavam ali.

- Stuart, meu camarada, você não tem nenhuma música natalina.

- Veja se encontra alguma na TV - respondeu Stuart.

- Devo admitir que eu também não tenho nenhum CD de Natal - comentei.

- Ah, mas que pena. Não consigo entrar no espírito da festa sem as músicas típicas dessa época.

Ele trocou várias vezes de canal até encontrar um coro de meninos gorjeando, suas boca sem círculos angelicais, as sobrancelhas no alto da testa.

Minhas faces estavam começando a ficar coradas. E eu tinha bebido só meia taça de vinho.

- Como vai esse ombro? - gritou Alistair na direção da cozinha

.- Melhor. Sarando.

Ele se inclinou conspiratoriamente para perto de mim.

- Ele contou para você o que aconteceu?

- Só disse que um paciente lhe deu um chute.

- Ah, então você não conhece a história na íntegra. Eu devia imaginar. Ele é praticamente um herói, o nosso Dr. Richardson. Estava entre uma enfermeira e um paciente cada vez mais agressivo. Conseguiu derrubar o cara no chão...

- É exagero dele - disse Stuart, aparecendo de repente com a garrafa de vinho eenchendo nossas taças.

- ...e o dominou com só uma das mãos, até chegar ajuda.

Olhei para Stuart.

- Não é comum acontecerem coisas assim - disse ele.- A maioria dos meus pacientes mal tem condição de se mexer. Raramente atendo algum mais violento.

Alistair ergueu as sobrancelhas. Olhei de um para o outro.

- De qualquer maneira, Al, chega de falar de trabalho. Duvido que Cathy esteja a fim de ouvir todos os detalhes hediondos, não é mesmo?

- Ele contou sobre seu prêmio?

- Não - respondi.

Stuart soltou um ruído de contrariedade e voltou para a cozinha.

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