Drico - Perdido

33 4 4
                                    

Drico abriu os olhos e olhou em volta, tudo estava escuro. Ele começou a se mover lentamente, levantando-se do degrau da escada em que passara as ultimas horas desmaiado. O meio-elfo esforçou seus braços magros e com alguma dificuldade conseguiu ficar em pé.

Começou a tatear sua perna, até encontrar seu clarinete pendurado em sua cintura por um fio de couro gasto. Ele pegou o instrumento musical e o levou à boca, fazendo com que um pouco de água escorresse dele. Tocou quatro notas em uma sequencia que há muito conhecia e em alguns instantes uma luz não muito forte começou a envolver o clarinete, fazendo-o brilhar branco e iluminar um raio a sua volta. Com essa luz Drico pôde enxergar o que estava a sua frente.

Viu na parede do corredor em que estava, inscrições rústicas de uma língua que não compreendia, o idioma dos anões, além dos degraus de pedra da escada em forma de caracol que seguiam alguns para baixo e muitos outros para cima.

O jovem bardo mirou seus olhos cansados para o topo com muito receio. Seu rosto jovem e amigável de traços finos estava ferido e marcado. Ele deu um passo para os degraus de cima e então sentiu uma dor terrível no tronco. Levantou a leve armadura de couro que vestia sobre sua blusa ocre, ainda úmida como o resto de suas roupas, e viu em sua pele uma grande mancha roxa na região das costelas.

Alguns flashes de memória começaram a retornar à sua mente. A ponte. A Aparição. Uma queda. Água. Dor. Algumas imagens de partes do corpo de um monstro marinho. Desespero. Terra firme e por fim, as escadas em que acordara.

— Ahhrg... – gemeu ao tocar no ferimento das costelas – Essa não – sussurrou para si notando que havia quebrado algum osso.

Drico levou seu clarinete novamente à boca. Com certa dificuldade começou a tocar uma melodia curta com notas longas e suaves e logo um brilho azulado começou a cobrir seus ferimentos. Ele sentiu duas de suas costelas se moverem para o lugar onde deveriam estar enquanto parte de seus hematomas sumiam. Ao terminar sua música o bardo soltou os braços, cansado por gastar tanta energia fazendo a magia, e olhou novamente para o ferimento. O roxo havia diminuído e ao tocar nas costelas ele viu que, ainda que doloridas, elas estavam inteiras novamente. Ele suspirou sentindo-se pouco melhor, então avançou para o topo da escada.

Ao chegar lá em cima, o meio-elfo prendeu metade de seus cabelos cor de mel num elástico que estava em seu pulso e olhou em volta. Tudo estava escuro, como numa noite sem lua ou estrelas. Ele estendeu seu clarinete que ainda brilhava com sua magia de luz, e com isso conseguiu ver alguns metros à sua frente, enxergando o chão de terra cinzenta coberto por uma fina e constante neblina.

"Será que eu cheguei ao outro lado? Onde será que estão Richie e Hansen?" pensou consigo, então começou a caminhar se esforçando ao máximo para reconhecer o local. Procurou pela ponte que estava atravessando com seus aliados antes de cair pela fenda, mas não a reencontrou, ao invés disso viu alguns esqueletos caídos no chão empoeirado. Preocupado começou a andar mais rápido por aquelas terras frias, à procura de algum lugar familiar ou que parecesse remotamente seguro.

Drico andou por cerca de três horas e em seu caminho encontrou sempre o mesmo cenário desolado. Começou a duvidar se realmente havia voltado para a superfície já que ele não via a Floresta da Ninfa, a fenda com a ponte, a Planície Vermelha ou a Roxa. Talvez estivesse andando em círculos por horas, não teria como saber. Ele apenas seguia em frente esperançoso, tentando encontrar alguém que o pudesse ajudar. Até que ouviu um barulho.

— Olá? Tem alguém aí? – perguntou o bardo assustado, mas ninguém o respondeu.

Ele procurou a fonte do barulho com os olhos esverdeados acompanhados de olheiras. Ainda estava muito ferido e cansado, sem condições de enfrentar mais monstros, e considerando que talvez fossem mesmo inimigos, ele continuou andando, tentando evitar conflitos.

Sons of TheolenOnde histórias criam vida. Descubra agora