Imortalmente Imperfeito

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Viver para sempre.
Desejaria viver para sempre, onde o tempo não me afetasse, onde poderia ser feliz.
Toca o sino da torre, hoje caso, hoje posso fazer as minhas promessas e juras, sim, eu juro que durará para sempre.
O meu primeiro filho nasce, acompanho todas as suas fases, desde os seus primeiros passos, até ao seu doutoramento, vejo ele a casar-se, não há maior felicidade de um pai em ver um filho casado.
O tempo age como uma mão pesada e leva todos os traços juvenis de qualquer ser humano, e a dor só começa agora.
O sino volta a tocar, desta vez não é um motivo feliz.
Dou vinte passos pela igreja, e olho para o caixão, o amor da minha vida morreu, os seus cabelos brancos provam uma vida completa, agora estou sozinho.
Volta a tocar, o meu filho faleceu, isto é uma dor demasiado grande.
E volta a tocar novamente, uma vez a seguir a outra, toda a gente que havia conhecido partiu lentamente deixando-me sozinho.
A nossa morte é um curativo para não ter que superar a morte de entes queridos.
Desisto, a vida eterna não favorece, quero morrer.
O meu sonho acaba tarde, o tempo acaba por apagar todos os traços de memórias daqueles que partiram.
O físico é eterno, mas descobri que a alma há muito havia morrido, sorrio, afinal uma parte de mim partiu com aqueles que amava.

"Por trás da realidade" by Nuno Miguel AssunçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora