O Último Comboio

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O comboio da estação da tristeza partiu, vai cheio, naquela carruagem havia uma sintonia de pensamentos.
Cada pessoa ia com a cabeça na sua vida, triste e sem coragem de mudança, naquelas caras nota-se os traços de velhice misturados com cansaço.
Procuro o mapa de estações, mas não existe.
Encosto me à porta a ver a paisagem, mas não passa tudo da escuridão de um túnel que teima em ser infinito, sinto o respirar ofegante, e o cheiro a suor daquelas pessoas que se matam a trabalhar pela sua sobrevivência?
Que pensamento vai na cabeça daquelas pessoas?
Será que pensam em felicidade?
Divertimento?
Aqueles rostos cansados contam uma história de sonhos falhados, desilusões, tristeza absoluta. Esta parte da sociedade chora por dentro, gritos ecoam dentro das suas cabeças.
Este comboio parou finalmente, e todos saíram, como eu.
Procuro saber onde estou, mas nada me informa, só reparo na existência de outras linhas com destino aos sonhos e à felicidade, mas aqueles comboios nunca partiram, porque nunca existiu alguém suficientemente mentalmente capaz de o manejar.
Que se foda o medo. Eu quero viver, eu quero saber o que é realmente viver. Não espero por um comboio imaginário que nunca partirá, eu próprio vou caminhar até ao fim, até acordar dos meus sonhos.


"Por trás da realidade" by Nuno Miguel AssunçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora