Capítulo 2

16K 942 14
                                        

Coringa...

Depois de conhecer a Mariana comecei a ficar de olho na casa dela, vi algo nos olhos dela que me fizeram querer cuidar dela, ela parecia apavorada. No dia seguinte parei em um beco perto da casa onde ela e a família moram, é uma casa muito simples e estava vazia por muito tempo, geralmente quando alguém vem de fora para morar aqui eles pedem permissão, mas o Samuel chegou de uma hora para outra e se apossou da casa, já tinha pedido para os meninos ficarem de olho nele, mas agora eu vou vigia-lo de perto, quero saber o que essa mulher esconde.

-vai logo.

Escutei um grito masculino e olhei para a casa, a Mariana saiu com os olhos transbordando, ela parecia assustada, depois de alguns passos um rapaz se aproximou e a chamou de linda fazendo a Mariana se encolher, o homem deu um passo na sua direção e ela saiu correndo apavorada, achei que ele fosse atrás dela, mas desistiu quando viu que ela já estava longe.

Durante quinze dias aqueles olhos castanhos não saiam da minha mente, todos os dias eu ficava vigiando a Mary sair de casa e ir até a padaria, algumas ruas acima da sua casa, alguns dias ela saia de casa chorando e eu ficava muito aflito só em imaginar o que poderia está acontecendo, o Ph andou perguntando para alguns vizinhos sobre a Mariana e seus pais e todos disseram a mesma coisa, que tem algo muito errado acontecendo com ela e com a mãe, mas eu vou descobrir o que está acontecendo.

Conforme os dias foram passando eu percebi que estava totalmente encantado com a Mariana, mesmo não tido conversado muito com ela, algo em seus olhos me fazem ficar perdido.

Hoje como de costume estou em uma rua parado vendo a Mary entrar na padaria, mas do nada começou uma chuva e com ela dois noiados começaram a discutir na frente da padaria, olha o que a maconha e o crack são capazes de fazer.

-A culpa é sua.

-Você não pode me culpar por essa maldita chuva.

Os dois sacaram uma arma e aconteceu muito rápido, eles começaram a atirar justo na hora que a Mary saiu, corri até eles e atirei pra cima, na tentativa de para- los, por sorte eles se assustaram e eu pude ver a Mary correr para um beco, antes que eu pudesse reagir o Ph chegou do meu lado.

-Vai ajudar a sua mina, que deles eu dou um jeito.

Saí atrás dela e a encontrei chorando, a chuva continuava e estava ficando forte.

-Mariana?

-Por favor, vai embora!

-O que aconteceu? Você está machucada?

Ela se encolheu quando percebeu que eu estava me aproximando.

-Pelo amor de Deus vai embora, eu estou bem, não chega perto de mim.

Quanto mais ela falava, mas eu me aproximava, preciso cuidar dela, mesmo não sabendo o que acontecia com ela, eu tinha a total certeza de que poderia salvar ela, me agachei na altura dela e pude ver com perfeição qual era o seu ferimento.

Como ela estava de vestido e molhada eu pude ver com perfeição todas as marcas roxas em suas coxas e braços, era isso que estava acontecendo de errado, o pai dela batia nela e na mãe dela, sem pensar duas vezes eu a puxei para o meu colo.

-Por favor, me deixa ir embora.

-Você vai pra casa comigo, você está molhada e não quero que fique doente.

-Eu não posso ir com você.

-Nós vamos conversar e eu vou te proteger não se preocupa.

Ela assentiu e se aninhou em meu peito, fui até o meu carro e entrei com ela agarrada a mim, mesmo com um pouco de dificuldade eu consegui chegar a casa, não queria desgrudar dela e ela me parecia bastante confortável em meus braços, quando nós chegamos à minha casa eu subi para o meu quarto e a sentei na minha cama.

-Eu vou pegar algumas roupas da minha prima pra você vestir, enquanto isso você troca de roupa, tudo bem?

Ela estava com a cabeça baixa e eu não conseguia ver seu rosto, depois que ela assentiu fui até o quarto da minha prima.

Quando eu voltei para o quarto ela estava de sutiã e um short de malha, eu paralisei na porta, suas costelas estavam roxas e havia muitas marcas por todo o corpo, senti o meu sangue ferve, o ódio pelo pai dela quase me sufocou.

-Mary?

Quando ela ergueu a cabeça eu tive que me segurar para não cair, o seu rosto estava com marcas e roxos de socos, e o pescoço tinham marcas de estrangulamento, meu coração batia forte e os dedos doíam de tanto serem apertados, se eu encontrasse o pai dela aqui na minha frente agora, eu não sei se seria capaz de me segurar e não mata- lo, esse homem merece todo o sofrimento do mundo.

-Veste isso, não queremos você doente.

Ela pegou o vestido e vestiu depois me olhou com os olhos transbordando.

-Eu tenho que ir embora, se meu pai descobre que eu estou aqui ele vai me bater.

Respiro fundo, só de imaginar nesse desgraçado batendo nela me sobe um ódio inimaginável.

-Mary eu vou te falar uma coisa e quero que você me escute com muita atenção.

Ela assentiu e eu me sentei na beira da cama e bati para ela se sentar ao meu lado.

-Mary eu gosto muito de você e não vou deixar você voltar pra aquela casa, eu vou te proteger dele.

Ela não me deixou terminar e me interrompeu chorando.

-Não, eu não posso Coringa, ele vai matar a minha mãe, eu não posso deixar apanhar sozinha.

-Calma Mary, eu vou ligar pro Ph e pedir pra ele ir busca a sua mãe agora mesmo, me deixa proteger vocês duas, por favor.

Ela deixou escapar um soluço e eu a abracei, sabe aquela sensação de leveza? Foi o que eu senti, quando ela apoiou a cabeça no meu peito foi como que se todas as mortes e culpas que eu levo tivessem sumido.

-Cuida de nós.

Ela pediu em um sussurro e eu sorri, beijei sua testa e me afastei para pegar meu telefone, disquei o número do Ph, que me atendeu no segundo toque.

-Fala Coringa!

-Ph! Eu preciso que você vá à casa da Mariana e tire a mãe dela de lá, mas isso tem que ser pra ontem, leva ela pra sua casa e não deixa o Samuel chegar perto dela.

-O que aconteceu irmão?

-Depois a gente conversa, eu estou com a Mary.

-Ele bate nelas, não é?

Ele falou um pouco mais baixo para a Mary não ouvir.

-Isso mesmo, pede pra ela levar algumas roupas também.

-Pode deixar, se cuida.

-Tu também.

Desliguei e coloquei o telefone na mesinha, a Mary estava aninhada no meu peito e dormi tranquilamente, uma mulher tão linda e carrega no corpo marcas de uma agressão de um homem que deveria cuidar e amar ela, como um pai pode fazer isso com a própria filha, se ela esta assim tenho até medo de saber o que a mãe sofre na mão desse miserável.

05-A ProtegidaOnde histórias criam vida. Descubra agora