Coringa...
Hoje o dia está muito corrido aqui no morro, chegou uma família nova e eu tenho que ir ver se eles precisam de algo e também ver se são pessoas de bem. Quando o Davi me passou a responsabilidade de cuidar do Alemão prometi que cuidaria dos moradores, a Jasmim tem um carinho muito grande por esse morro em especial, foi aqui que os pais dela se conheceram, foi aqui que ela nasceu à mulher é a mais foda que eu conheço e tem um coração de ouro.
-Ph chega aí!
Pedro Henrique ou Ph é como um irmão para mim fomos criados juntos, quando me tornei dono do Alemão fiz dele meu braço direito, confio nesse moleque de olhos fechados.
-Fala Coringa!
-Vamos chegar lá na casa dos moradores novos, tenho que ver se são gente de bem.
-Eu já ouvi uns burburinhos sobre eles.
-Quais?
Pelo visto vão me dá trabalho, chegaram ontem e já estão na boca do povo.
-Eles têm uma filha, mais ou menos da nossa idade, os moleques estão caindo em cima, e as puta estão se matando de inveja, a menina é mó linda.
-Achei que era coisa séria, no mínimo deve ser outra oferecida, como que se aqui já não tivesse o suficiente.
-Só porque você não gosta das oferecidas, você precisa sumir com elas daqui, é bom que sobra mais pra mim.
-Vamos logo idiota.
Subi na minha moto e sai doido, minha paixão é motos e carros, principalmente se eles estiverem correndo muito, nós paramos em frente a uma casa bem simples e batemos na porta.
-Vai abrir a porra da porta Mariana, vê se pelo menos pra isso você presta.
Quando a porta se abriu eu perdi a respiração, uma mulher aparentemente da minha idade abriu, linda, maravilhosa, com os olhos um castanho tão claro que quase chega ao verde, os cabelos também quase loiros, com o corpo de dar inveja a todas as putas daqui.
-O que o senhor deseja?
Que voz é essa.
-Eu sou o Coringa, dono do morro e você?
-Eu sou a...
-Quem é que está na porta Mariana? Será que nem pra isso você presta?
Fiquei muito puto ao escutar esse idiota falar com ela, será que é o marido dela?
-É o dono do morro pai.
Pai! Soltei a respiração que eu nem tinha percebido ter prendido, alguns minutos depois apareceu um homem alto.
-Bom dia, eu sou o Samuel, some daqui garota.
Ela me olhou envergonhada e saiu.
-Aconteceu alguma coisa?
-Não, eu gosto de verificar todos os moradores, e ver se estão precisando de algo, está tudo bem aqui?
-Sim.
-A menina está matriculada em alguma escola?
-Não, ela já terminou o ensino médio, pelo menos isso.
Ele disse a última parte mais para ele do que para mim, mas eu escutei mesmo assim.
-Você, sua filha ou a sua esposa precisam de emprego?
-Essas duas trabalhando? De jeito nenhum, eu trabalho no asfalto.
-Tudo bem então, qualquer problema é só me avisar.
-Nós não teremos não se preocupe.
Ele fechou a porta e eu e o Ph fomos até as motos.
-Eu não gostei desse homem.
-Nem eu, você viu como ele falou com a filha?
-Vi e esse é o problema.
-Ela é mó gata né?
-Fica longe dela Ph.
Ele me olhou e começou a gargalhar.
-Eu não acredito nisso Coringa.
Montei na moto e deixei-o rindo sozinho, eu não sei o porquê, mas essa menina mexeu comigo.
Mary...
Graças aos erros do meu pai, cá estamos nós desempacotando novamente, estávamos em São Paulo à vizinhança era ótima, não tínhamos muitos vizinhos por perto, mas um dia uma vizinha estava passando e viu meu pai me espancando, ela chamou a policia e quando eles chegaram meu pai contou uma longa historia para engana-los, no dia seguinte estávamos na estrada rumo ao Alemão, é a décima mudança esse ano e olha que nós mal estamos no meio do ano, toda vez que alguém descobre que ele nos bate nós temos que fugir isso já virou uma espécie de rotina, eu acabo não fazendo amigos, afinal meu pai não me deixa sair de casa e quando eu saio é para ir ao mercado, padaria, farmácia, mesmo tendo 19 anos eu sou submissa a ele, por quê? Se eu for embora a minha mãe fica, sendo assim ela vai apanhar sozinha e isso eu não suportaria.
-Vai abrir a porra da porta Mariana, vê se pelo menos pra isso você presta.
Meu pai me gritou da sala, me fazendo atravessar a mesma correndo, afinal não queria apanhar de novo.
-O que o senhor deseja?
Eu levei um susto quando eu abri a porta e dei de cara com um par de olhos azuis, ele tem o corpo todo tatuado.
-Eu sou o Coringa, dono do morro e você?
-Eu sou a...
-Quem é que está na porta Mariana? Será que nem pra isso você presta?
Meu pai não me deixou responder, afinal pra que eu sirvo mesmo?
-É o dono do morro pai.
Imediatamente ele apareceu na porta.
-Bom dia, eu sou o Samuel, some daqui garota.
Fui até a cozinha ajudar a minha mãe, se o meu pai nos pegasse paradas ou deitadas durante o dia era surra na certa, por isso nós limpávamos a casa pelo menos três vezes ao dia, e mesmo assim quando ele chegava sempre reclamava.
Vamos ver quanto tempo nós vamos ficar no Alemão, eu gosto desse lugar é bonito e me parece que o dono zela muito bem por seus moradores, eu queria poder contar pra alguém o que acontece comigo e com a mamãe, mas seria muito ariscado...

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05-A Protegida
AléatoireCoringa é o dono do Alemão e diferente dos outros donos de morro e amigos ele não é pegador, aprendeu com o pai que homem de verdade não usa as mulheres, mesmo sendo "diferente" do outros, Coringa tem o respeito de todos à sua volta, mesmo muito nov...