Houve um dia em que o pai de Hayden ameaçou que lhe partiria os braços se soubesse que ele se cortava novamente. Então ele nunca mais soube. Nem disso nem de nada, na verdade. Os seus pais passaram a trabalhar muito, deixando-o com um irmão do seu pai. Este batia-lhe e insultava-o por puro sadismo.
Então, um dia, Hayden não conseguiu evitar e quebrou no meio de uma aula de português. Ele sempre gostara muito de dançar, embora o seu pai achasse que essa era uma atividade demasiado feminina para um filho seu. Enquanto a sua professora lia um poema escrito por uma bailarina africana à cerca das suas experiências na Serra Leoa, ele não pode evitar. Ela havia vivido no exato mesmo local em que ele vivia, no Vermont, e talvez isso o tivesse desbloqueado para os sentimentos que reprimira.
A mulher sugeriu que ele saísse da sala até se sentir melhor e ele aceitou o concelho... Porém, não ficou apenas até se acalmar, ficou o resto da aula. Havia aguentado quase o ano todo sem atrair atenções para si próprio e sentia-se frustrado por o estar a fazer a cerca de um mês do fim do ano. A pedido da sua professora, ele passou a ver a psicóloga de serviço na escola. Na primeira consulta esperou alguém incompetente, como vira certa vez numa série, mas não... A mulher, de cabelos curtos, que ele não sabia se eram loiros ou morenos por estarem bastante frisados e olhos verdes, era o ser humano mais gentil que ele conhecera. Talvez porque ele nunca tivera a sorte de conhecer alguém verdadeiramente gentil depois de Dilany e esta, na sua qualidade de jovem, não era par para aquela mulher instruída...
Mulher instruída essa que chamou os pais de Hayden à escola novamente na última semana de aulas. Falou-lhes da ansiedade extrema que ele sentia. Eles fingiram-se preocupados, a sua mãe até se esforçou por continuar a fingir até ao fim do dia. Já o pai, não dissera nada a não ser "Que triste sina a minha" e umas quantas comparações a Júlio de Matos. No dia seguinte, a mulher seguia-lhe o passo. Foi assim que o bullying se mudou para a sua casa e ele começou a perceber quem eram os seus outros moradores.
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Adultos
Short StoryEstes são os contos sobre a sociedade a degradar-se aos olhos de uma criança. #652