Os pais do rapaz forçaram-no a sair de casa, porque era isso que eles faziam quando eram jovens e "na altura deles não havia ansiedade". Sem entenderem nem tentarem entender o medo irracional do seu filho, acharam que haviam encontrado a cura. Hayden, sabendo que nada havia a fazer, foi, e decidiu fazer alguma coisa que o fizesse feliz. "Se morrer, morro feliz", pensou, e foi aí que percebeu o quão dramático estava a ser e cortou isso de si. Um pouco literalmente.
Ele não era exatamente um amante da leitura, mas saiu e foi à biblioteca, pesquisar pela autora africana do poema sobre esteiras. Ficou extremamente satisfeito ao saber que esta escrevera uma obra autobiográfica com o mesmo tema do poema, de leitura fácil. Ele requisitou-o e estava já a mais de metade só no primeiro dia quando leu um excerto que mencionava a idade que ela tinha quando já dançara na sua segunda competição de dança: tinha doze anos. A mesma idade que ele tinha naquele momento. Ela estava a construir o seu futuro, tinha pais e irmãs que a amavam e apesar de tudo o que havia acontecido consigo, era gentil e feliz. Então e ele? Ele era um inútil que só fazia os seus pais gastarem dinheiro com ansiedades e depressões. Palavras dos próprios.
Ele fechou o livro e esforçou-se loucamente por adormecer com a porta aberta, porque a sua mãe não o deixava fechá-la haviam duas noites.
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Adultos
Short StoryEstes são os contos sobre a sociedade a degradar-se aos olhos de uma criança. #652