Privacidade

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Os pais de Hayden haviam deixado de bater à porta antes de entrar desde que eles se haviam mudado para o Vermont e as ameaças de a tirarem de lá haviam acontecido duas vezes, antes do incidente da ansiedade. Naquele momento, estavam a tratá-lo como um criminoso, mas ele sabia que não fizera nada de errado. No entanto, a sua vontade era a de se deitar no chão do seu quarto e nunca mais fazer nada. Respirava fundo sempre que o seu olhar fugia para a porta aberta. Tal como Michaela DePrince, a bailarina africana, com a foto da bailarina, que encontrara no orfanato em que vivera, ele sobreviveria com o livro dela, com os vídeos de dois nerds britânicos que viviam juntos e com uma rapariga que ele conhecera nos comentários do site da própria Michaela. Ela era negra, tal como Michaela e Elsa... Ele sentia que gostara tanto de Michaela tanto por ser uma minoria no mundo do ballet clássico, como por ter a mesma pele de chocolate de Elsa. Ambas, em conjunto, haviam originado a sua tão grande amizade por Navée, a afro-americana que gostava tanto de ballet como de bandas de rock e heavy metal dos anos noventa...

Ele não sabia não gostar da sua mãe, embora, com base em certas pesquisas que fizera no tumblr, suspeitasse que ela fosse bastante tóxica para ele. Então, sempre que falava com Navée por vídeo, não podia evitar contar-lhe. Ela era tão linda, tinha uma voz tão suave e as ideias eram tão animadoras! A mulher pareceu gostar muito mais do filho durante umas semanas, enquanto ele apresentava comportamento mais heterossexual do que já apresentara nos seus doze (a um mês de serem treze) anos de vida. Quero dizer, até ao dia em que esta decidiu que queria ver as mensagens do rapaz. Ao perceber que eles falavam maioritariamente de ballet, a mulher comunicou com o marido, que imediatamente arrancou o aparelho que emitia sinal wi-fi da tomada e o foi entregar à loja, sem nem sequer deixar o rapaz despedir-se da sua namorada.

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