(2) Quarto de Hotel

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No dia seguinte, invadimos o outro lugar em que possivelmente a gangue poderia estar, e adivinha quem me desarmou? O tal garoto oxigenado.

Suga pôs a arma em minha cabeça e sussurrou em meu ouvido:
—Como me achou?
—Eu sempre vou te achar, Suga, sou profissional no que faço— olhei para o teto —Que lugar sem classe.
—É o que a casa oferece.

Antes de lutar com ele, vi que sua perna tinha uma grande faixa e que ele andava com dificuldade, sorri, eu havia feito um ótimo trabalho.
—Como está a perna?— Perguntei, ele fez a volta e ficou de frente para mim.
—Bem, graças ao Namjoon, que bom que perguntou— eu precisava era ganhar tempo, não ser amigável, o plano era esse, o bonitinho sendo a distração enquanto Austin, Robin e o nosso novo parceiro Paul, pegassem os outros.
—Suga?— chamei.
—Fala, Jimin— Suga me colocou sentado em uma cadeira, ainda com a arma apontada em minha testa.
—O que você acha de eu por um piercing?— Ele riu, e riu de novo, parou, e tornou a rir novamente, então me examinou e riu mais um pouco.

Revirei os olhos.
—Você?— duvidou, ainda rindo —E pretende por onde?
—Na boca— sorri, me escorando na cadeira. O gângster caiu na gargalhada de novo.
—Aposto que não vai conseguir nem beijar.
—Não vou é?— desafiei. Suga ficou sério, assim como eu quando levantei daquela cadeira e caminhei até ele.

Foi minimamente, mas levantei um pouco meus pés, e deixei o rosto aproximar do inimigo, e quando nossas línguas se tocaram... suspirei, poderia muito bem aproveitar o momento, mas tinha uma missão! Precisava de foco.

E no segundo em que Suga abaixou a arma para segurar em minha cintura, eu ergui lentamente a perna e peguei o spray de pimenta que tinha preso na lateral de meu coturno.
Borrifei no rosto dele, que largou a arma para proteger os olhos.
—Novamente o mesmo erro; largar a arma— Apontei para ele e liguei o rádio —Paul, estou com ele!
—Ótimo, Park. Pena que os outros não estão no local.

/..../

No meu sonho, um anjo entrava pela janela de meu quarto de hotel, me fazendo suspirar ao aparecer em minha frente.
Mas um anjo não cobriria minha boca, e muito menos imobilizaria minhas mãos.

Dei um pulo na cama ao perceber que não era um sonho, aquilo estava acontecendo, e o ser humano estava longe de ser um anjo.

Tentei gritar, mas minha mão continuava coberta pelas mãos firmes do meu inimigo.
—Olá— a voz aveludada coçou meus tímpanos.

Encarei incrédulo os olhos escuros e o cabelo oxigenado em cima de mim, revirei os olhos.
—Eu vou te soltar, mas tem que prometer não gritar— pediu, balancei minha cabeça, confirmando meio contragosto.

O aperto aos poucos diminuiu e logo fui solto.
Sentei na cama, ainda sendo vítima dos olhares de Min Yoongi, ao me sentar, apoiei as mãos sobre o colo e sorri debochado.
E então abri a boca, e gritei.

Porém, o som não saiu, ele foi abafado, mas não foi as mãos gélidas que senti contra minha boca dessa vez. Foi algo quente, macio e convidativo, algo que queria fazer com que me rendesse, algo que estava sendo difícil de lutar contra. Os lábios do inimigo estavam me impedindo de gritar.

Empurrei o peito do mesmo, e rapidamente levei a mão para baixo do travesseiro, procurando minha arma.
—Acha mesmo que eu deixaria um espião armado enquanto conversamos?— perguntou Suga, com aquele sorriso diabólico nos lábios rosados.

Ao me ver sem opções, pensei em lutar, mas seria inútil.
—O que você quer?— indaguei, me aconchegando em meus cobertores.
—Eu disse que nos veríamos em breve— Respondeu.

Revirei os olhos.
—Seu bilhete idiota?

O garoto riu, uma risada diferente de todas as que eu havia ouvido.
—Como me achou?— questionei, a fraca luz do quarto era vinda da janela, onde o céu noturno não me surpreendia.
—Como não achar?— contra perguntou, próximo ao meu rosto.
—Onde está minha arma?— busquei ao redor.
—No armário— meu olhar se direcionou rapidamente para as portas do armário branco, mas minha intenção foi capitada por Suga, que gargalhou —Você é muito esperto não é? Mas não pode lutar contra cinco de uma vez.

Eu ia concordar, até prestar a atenção nas suas palavras, cinco?
Como se novamente, lesse minha mente, Suga chamou:
—O gangue, bora.

Quatro garotos, um por um, passou da sacada para dentro do meu quarto. Observei estático, com um certo tipo de raiva.
—Vão embora— murmurei puxando a coberta para cobrir meu rosto —Me deixem dormir, amanhã eu prendo vocês.
—Só vim aqui buscar minha arma mesmo, ela tem um valor um tanto... sentimental.

Arqueei uma sobrancelha mesmo que os caras em meu quarto não pudessem ver.
—Já pegou, agora vá embora.

O silêncio predominou no quarto, e então me levantei rapidamente.
—Estamos no sexto andar! Como vocês subiram?!?

Não foi Suga quem respondeu, como eu esperava, foi um garoto mais alto, com os cabelos negros.
—Cintos de rapel— esticou a mão —Eu que os fiz, Jungkook.

Meio confuso, acabei por apertar, mesmo que parte do meu consciente soubesse que aquilo era errado.
Ao voltar meu olhar novamente para o chefe, que continuava sentado em minha cama.
—Você sabe que está muito ferrado, não é?— um sorriso brincou em meus lábios —Me mostrou seus meios, provocou minha ira e invadiu meu quarto a noite. Afinal, da próxima vez eu atiro no seu coração direto.

Suga riu.
—Verdade, um tiro na perna? Aquilo doeu, mas Namjoon deu seu jeitinho— apontou para um outro garoto parado a sua sombra.
—Não me importo— respondi friamente.

O sorriso caloroso que antes estava nos lábios do oxigenado, agora era frio como gelo.
—Suga nós temos que ir— o tal Jungkook anunciou, me fazendo olhá-lo.
—Vai me deixar dormir agora, Suga— perguntei, encarando ele. O sorriso perverso continuava em seu rosto.
—Vamos lá— respondeu a Jungkook, ignorando minha pergunta, e se levantou de minha cama, passando os braços por um certo cinto que os garotos seguravam para ele.

Conforme os garotos desciam pela sacada, cogitei a ideia de correr e pedir ajuda no corredor, mas o que seria de minha reputação?
Antes de o último garoto deixar o quarto, que por acaso era o mais irritante deles, ele tornou a vir em minha direção.
—Eu falava sério sobre o tal beijo—disse, tomando meu rosto em mãos.

Me mantive focado em ignorar sua aproximação.
—Devolva minha arma e vá embora— resmunguei, e antes de isso acontecer, um selar foi depositado em minha testa, me deixando confuso.

E sumiu pela sacada.

Levantei rapidamente e corri para as portas de vidro, olhando para baixo do prédio, onde o último membro dos bangtan entrava em um carro.
Abri o roupeiro e peguei minha arma, com a mão trêmula, isso nunca acontecia, por que eu estava tremendo?

Abri a porta do quarto e então gritei, despejei todo meu fôlego e frustração naquele grito, que logo chamou a atenção de toda minha equipe, que se fez presente em meu quarto em segundos, se preparando para a próxima pista de última hora.
—Não se preocupe, Jimin— Austin assegurou —Eles nunca mais vão pensar em invadir o quarto de um de nós.
—Com certeza não— concordei, enquanto conferia as balas em minha arma —Por que eu vou matá-lo. Vou matar Suga.

/.../

Nada. Era a pista que tínhamos. Absolutamente nada.
Foram espertos em não deixar digitais, as únicas digitais deixadas pelos bangtan... foram em minha pele, em meus lábios. E isso era o que mais me incomodavam, deixar Suga pensar que eu tinha uma fraqueza, quando na verdade, isso era uma tremenda mentira.

Em anos de treinamento eu nunca fui detectado como alguém com fraquezas, e não seria agora, que eu teria alguma.

Mission ImpossibleOnde histórias criam vida. Descubra agora