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Eu fiz algumas alterações na sinopse de ultima hora, pois andei dando uma pesquisada e parece que Camila terá de ser uma funcionária e não estagiária. Mas fora isso não há nada que eu tenha mudado. Espero que gostem, amores.

Camila Point Of View

Fui acordada pelo barulho estridente do despertador, como um grito de "Acorde para a sua realidade e vá trabalhar!". Era manhã de sexta-feira, e eu nunca estive tão bem por saber disso, afinal eu precisava de paz para recuperar todo o sono perdido nesta semana. Levantei-me, calcei os chinelos e caminhei até o banheiro em passos lentos e preguiçosos, parecia mais um daqueles robôs programados. Cheguei ao banheiro e fitei-me frente ao espelho, assustando-me com a imagem. Eu estava com os cabelos desgrenhados, olhos escuros e inchados, boca ressecada, estava pálida e me sentia indisposta para enfrentar o trânsito de Nova Iorque. Escovei os dentes e despi-me, deixando meu pijama de estampa de pizzas e minha lingerie no cesto de roupas sujas. Entrei no box, liguei o chuveiro e fiz um coque frouxo em meu cabelo, a fim de não molhar o mesmo. Tomei um banho rápido, não tinha tempo para banhos demorados, e também os recursos hídricos agradecem por não exagerar no uso dos mesmos. Saí do banheiro, enrolando-me em minha toalha, caminhei em passos rápidos até o guarda-roupa, e então, o abri, revelando minhas vestes, poucas, na verdade, porém o bastante para o que preciso. Gosto da minha simplicidade. Acredito que, o ser humano não precisa de muito para viver, a sociedade é que impõe padrões e você se sente na obrigação de cumprir para não ser julgado. Sem mais delongas, vesti o meu habitual uniforme, seguido pelos mesmos sapatos de salto não tão altos. Odiava essa roupa, não acho que uma saia lápis seja o ideal para um ambiente de trabalho, mas o que posso fazer? Eu só estou lá há duas semanas, não posso sair reivindicando por algo como isso quando tenho contas para pagar. Eu precisava daquele emprego, e nem sei como agradecer ao meu orientador por ter escrito uma maravilhosa carta de recomendação para seu amigo, o dono do New York Times, que me arrumou a salvação dos meus problemas. Eu sou secretária da secretária, compreende? Sou a que fica com o trabalho pesado da secretária oficial, e isso é o que me deixa mais frustrada, pois agora, mal consigo conciliar minha vida pessoal com a profissional. Caminhei em direção à cozinha, que não era longe de meu quarto, encontrando Dinah, minha melhor amiga e colega de apartamento, usando o fogão. Espera, Dinah não sabia cozinhar, e quando me viu suspirou em alívio, apagando o fogo da boca em que usava.

—Finalmente você está de pé — disse em um tom de desopressão.

—O que estava tentando fazer? — Questionei, fazendo uma careta ao ver o estado em que a loira deixou a cozinha.

—Era para ser omelete, mas acho que não saiu como o esperado. — Ela colocou as mãos atrás do corpo e sorriu de maneira sapeca, como uma verdadeira criança.

Dinah Jane tinha um espírito de criança, pois estava sempre aprontando uma.

—Meu Deus, Dinah Jane! — Exclamei ao ver o queimado na frigideira. —Por que não me esperou? — Peguei a frigideira, colocando-a na pia.

Era difícil me locomover naquele espaço pequeno.

—Porque eu queria testar meus conhecimentos gastronômicos  — disse, e então, deu de ombros.

—Que conhecimento gastronômico? — Questionei, virando-me para ela.

Nos olhamos brevemente e eu explodi em uma gargalhada, não aguentando suportar um riso reprimido. Dinah não tinha o menor jeito na cozinha, afinal ela nunca precisou, pelo menos não quando morava com seus pais. A loira vivia em uma ótima condição social, cresceu em berço de ouro, o contrário de mim.

—Vai demorar um tempo para arrumar essa bagunça e o que menos temos hoje é tempo. — Ela assentiu ao me ouvir.

—Nós passamos no Starbucks, tudo bem? — Questionei e eu balancei a cabeça, aceitando.

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