°Capítulo 2°

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        Sophie tentava dirigir com cuidado e sem se preocupar com a chuva que viria, mas suas expectativas foram quebradas quando já estava na metade da estrada Hon Rain.  A chuva despencou sobre o teto do carro, acreditava até que era granizo de tão forte a pancada d'água.   Ligou os para-brisas para o vidro ficar mais nítido à sua visão na estrada, o rádio continuava ligado, mas, estava no volume baixo.   Ela fazia as curvas devagar e sempre olhando os retrovisores com bastante atenção, um trovão soou próximo dali onde estava e logo veio um clarão do relâmpago.   Um sentimento estranho começou a passar em seu coração, um temor... um aperto de intuição sobre o peito, como se algo estivesse próximo de acontecer.   Sophie continuou atenta.

         Em um segundo, ela ainda dirigia bem vigilante e tranquila, quando sentiu como se fosse um empurrão no carro e já estava girando e deslizando pela pista.   O automóvel girou até parar num solavanco contra uma árvore, do lado contrário da pista que dirigia.   Sophie continuou segurando firme ao volante e seus olhos estavam bem fechados, não conseguiu gritar pela paralisia que teve no exato momento do susto.   Sentia que seu coração iria sair pela boca a qualquer momento, e ouvia um zumbido nos ouvidos, o barulho da chuva caindo na lataria estava distante e aos poucos foi deixando seus olhos relaxarem e abrirem.   Viu que estava do outro lado, do lado de uma árvore e tinha algo...que não lhe parecia real...

-   Meu Deus...O que é isso?... - disse boquiaberta.

        Sophie não sabia se havia desmaiado durante a derrapagem, batido a cabeça no vidro e estivesse sonhando ou se realmente aquilo que estava vendo era real. Começou a passar as mãos na cabeça, na procura constante de sangue ou algum ferimento pelo corpo, mas a procura foi fracassada.   Ela estava vendo lobos... Enormes! De 2 a 3m, brigando a uma distância considerada segura do  seu carro. Eles tinham cores de olhos muito diferentes, um tinha olhos vermelhos e era o maior deles e o outro tinha olhos azuis e poucos pelos no corpo.  Eles se engalfinhavam no meio a chuva forte e densa, rolando entre a água e o sangue que jorrava de alguns ferimentos profundos e superficiais que faziam.  Os dentes afiados do lobo de olhos vermelhos afundavam na carne do outro animal, enquanto as garras afiadas do lobo de olhos azuis passavam na barriga do maior, arrancando alguns rosnados de dor.  O lobo maior abocanhou o pescoço do outro e o jogou para bem longe mais dentro da mata, antes de ir atrás do lobo menor ele se virou e viu Sophie dentro do carro, fixando seu olhar completamente no dela.    Algo nela chamava sua atenção, talvez a beleza, mas ele não conseguia sentir seu cheiro, algo estava bloqueando seus sentidos em relação a ela.   Um odor metálico e doce estava na direção dela... Magia? Ele deu dois passos em sua direção, mas algo chamou sua atenção...  O som de um uivo fraco e desafinado dentro da floresta, fez com que o lobo de olhos vermelhos desviassem sua atenção na humana a sua frente e correu mata adentro.

         Ela continuou em transe, presa no assento do motorista e com as mãos bem presas ao volante. Seu coração batia forte e rápido na caixa torácica, sua respiração estava rápida, mas tinha a sensação de não estar respirando.   Soltou suas mãos devagar e as apoiou nas coxas, ela inspirou profundamente e respirou lentamente.   Em alguns instantes estava conseguindo olhar ao redor, sem se sentir paralisada dos pés a cabeça. Ligou o carro, dando meia volta para a esquerda para voltar a sua pista original em direção a segurança de sua casa.   A chuva tinha diminuído a intensidade, e conseguiu seguir seu caminho, mas sempre olhando o retrovisor central por estar com a sensação de perseguição.   Não queria virar comida para aquela fera, e por incrível e assustadoramente que possa parecer, aquele lobo de pelos negros e olhos vermelhos, a deixou atraída.   Ela com certeza estava morrendo de medo, nunca viu lobos daquele tamanho e também, pelo acidente, mas quando ficou encarando ele... Tudo parou e ficou lento, nem a chuva lá fora se escutava direito mais.  Chegando em casa, foi levando as compras aos poucos para dentro de casa, enquanto, Zeus a perseguia.  Quando tudo estava no seu devido lugar, ela tomou um banho, abriu seu notebook e foi em seu e-mail.   Mesmo fazendo as coisas no automático pelo motivo antes de chegar em casa, ela sabia que precisava do emprego e não poderia perder tempo.   O e-mail foi enviado e ela ficou na torcida de conseguir, então foi até a cozinha e preparou um chá de camomila e subiu as escadas até seu quarto.   Deitou - se devagar com seu olhar fixado na janela em frente a sua cama e bebendo o líquido em sua caneca grande, percebeu que estava cansada, o estresse foi muito forte pra sua mente.   Então ela adormeceu...






O lírio que me cativasOnde histórias criam vida. Descubra agora