capitulo 2

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23 de junho
Segunda-feira
Moçambique, Maputo

Meu primeiro dia de escola, diferente mente de todas outras meninas eu não tou anciosa!
A escola não é e nunca foi um lugar bom pra mim!
Acordei bem atrasada, eu queria mesmo ter ficado em casa, a minha mãe veio toda anciosa me acordar para ir a escola

-filha acorda!  Você vai chegar atrasada no seu primeiro dia de aulas, mal posso acreditar que a minha filhota já esta no último ano do secundário.

Realmente não sei oque é pior o preconceito que tenho prá comigo mesma ou o preconceito que sinto por parte das pessoas, ser albina não é fácil, pior em um país africano onde os tabús acerca do albinismo ainda são sentidos por parte da sociedade
Minha pele seca e enrugada, meus olhos defeituosos, meu cabelo sem brilho descoloridos, nem coragem de olhar ao espelho tenho,por vezes me odeio... Queria me sentir desejada, amada, querida e invejada, queria eu ser como a Gisele Bündchen linda e poderosa.
Aii de mim será que um dia serei feliz?
Ao chegar na escola dei de cara com ele,o miúdo mais lindo do colégio o Rodrigo que além de meu vizinho era agora meu colega de sala, nos meus sonhos ele era meu príncipe, ele passou por mim mas de certeza que não me notou, não era de admirar...
Sala nova, colegas novos... Cheguei na sala de aula cabisbaixa, todo mundo olhou pra mim, com um olhar estranho, como se nunca tivessem visto uma albina antes,daí o professor falou :

-essa é a nossa nova colega, tratem ela bem.. Como qualquer uma outra colega.

Aquele comentário do professor me fez sentir mal,sei que a intenção dele foi boa mas me fez sentir diferente de todos que alí tavam, fui me sentar e logo começaram as fofocas sobre mim

"Ela é muito esquisita","dizem que os albinos são o tesouro da Tanzânia" ,"ela cheira mal"

diziam eles,sem medo que eu ouvisse
Estar ali me fazia sentir mal, mas a minha mãe já havia me explicado que eu tinha que ser forte e eu não podia deixar com quê as pessoas me desviassem do meu caminho, que os estudos me proporcionariam o valor e o respeito que a sociedade não me dava. A minha mãe era a minha ponte, o meu suporte e ela não me deixava ir a baixo.
No recreio fui até um banco insolado no parque do colégio pra comer o meu lanche, me sentia insolada mas isso mudará quando um grupo de meninas sorridentes vieram ao meu encontro,elas disseram :

- será que você pode sair do nosso banco? Você está espalhando seu azar nele e o seu mau cheiro

Ao ouvir aquelas palavras meu coração se encheu de dor e uma lágrima escorreu de meu rosto, mas logo tratei de à enxugar pois não queria que notassem minha fraqueza e disse:

- claro que saio, pois não quero sentar me no mesmo lugar que gente preconceituosa como vocês.

Me levantei de cabeça erguida e fui até ao banheiro, fiquei trancada numa das cabines da casa de banho até que desse hora de ir pra casa e minha mãe viesse me buscar, alí foi o único lugar que pude me sentir bem e sem mil olhares me consumindo.

5PM...

Saí do banheiro e fui até a porta do colégio esperando minha mãe passar pra me levar, não demorou muito e lá estava ela, entrei do carro e dei um abraço apertado nela e logo ela preocupada disse:

-oque foi filha? Eles te trataram mal?

-não mãe, todo mundo me tratou super bem, até fiz novas amizades, eu só fiquei com muitas saudades tuas.

Ela falou o quanto me amava e retribuio o abraço que a dei anteriormente, o abraço dela me fez sentir muito mais melhor, eu não queria contar pra ela sobre o que tinha acontecido pois não queria que ela se preocupasse comigo mas do que ela já se preocupava.

"O importante não é vencer todos os dias, mas lutar sempre."

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