capitulo 3

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24 de junho
Terça-feira
Moçambique, Maputo

Abri os olhos e já era de manhã, mas minha vontade mesmo era de não ter acordado. Até alí eu não tinha reunido forças suficientes para pisar novamente no colégio

- magdaaaaaaa!

Lá estava ela a minha mãe gritando anciosa pra me levar ao colégio, não imaginava ela tudo que lá acontencia..
Ela me deixou na porta do colégio, viu a minha cara de tristeza e me perguntou o que havia acontecido pra eu ficar daquelo jeito, sem querer que ela se preocupasse demais disse :

- mãe não foi nada, não precisava se preocupar, eu tou bem...

Dei um sorriso e abracei-a, mas ela não fez cara de quem estava satisfeita com a minha explicação, normal coração de mãe é assim mesmo...
Saí do carro e fui caminhando até minha sala e como sempre mil olhares me acompanhavam, eu me sentia um animal em exposição.
Cheguei na sala e fui me sentar, ninguém tinha coragem de sentar ao meu lado, ninguém queria mesmo.
Fiquei impressionada quando um rapaz veio em minha direção e sentou-se ao meu lado.
Nunca um miúdo tinha se aproximado tanto de mim
Daí ele disse :

-oi,  eu sou o Pedro.

Eu respondi toda acanhada:

-oi, magda

Ele disse que tinha notado que eu não tinha muitos amigos e me ofereceu sua amizade. Eu fiquei feliz nem todo mundo me odiava, ele me falou dele que a família dele era religiosa e tinha uma igreja eu não falei muito, só ouvia pois ainda não me sentia a vontade pra me abrir com ele.
Ele despediu-se e disse que voltaria, fiquei feliz por ter conhecido alguém que me tratará de igual pra igual.
O sinal tocou e eu fiquei alí na sala sozinha com os pensamentos foi quando um grupo de rapazes e raparigas veio em minha direção, chegaram perto de mim e perguntaram :

-heii tu albina é verdade que quando vocês morrem vocês se tornam fantasmas?
-é verdade sim! Dizem se você tocar nela você terá filhos com ela
-Deus me livre!

Não respondi nada, peguei nas minhas coisas e levantei-me na intenção de sair dalí, foi quando uma das miúdas me empurrou fazendo com que eu caísse bruscamente no chão, batendo forte com a cabeça. Eles desatarem a rir se da minha cara, chorando saí correndo dalí, fui prum canto isolado do colégio e fiquei lá mergulhada naquela dor sem fim

-Magda, madga....

Gritou o Pedro correndo em minha direção.
Pedi pra que ele me deixasse em paz e sozinha,mas sem se importar com minhas palavras ele começou a falar:

-Olha Magda, você não pode nem deve deixar com que essas pessoas te destruam, sei que é difícil mas Deus sabe oque faz,ele sabe das tuas dores e das tuas lutas ele não deixará que tudo isso seja em vão...

- Pedro para se Deus realmente existisse ele não permitiria que nascesse assim, feia e deformada, ninguém gosta de mim, nem eu gosto... Que Deus é esse que permite que eu sofra tanto?

Perguntei pró Pedro cheia de raiva da injustiça que eu passava

-O mesmo Deus que quer te ver a triunfar, ele quer que você se torne numa pessoa forte, numa barreira invencível.

Falou o Pedro me transmitindo muita confiança
Que Deus é esse que ele tanto fala com tanta confiança, tanta fé... Será que esse Deus pode me ajudar? Será que ele pode mesmo mudar minha vida? Uma curiosidade surgiu em mim, eu queria conhecer esse Deus.

"Há muitas razões para duvidar e uma só para crer."

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