Espinho na Alma

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Espinho na Alma

Estava escuro quando entrei

Decidi nada mudar, aceitei

Queria ficar sozinho, sem ninguém

Sem luz, minha sombra não vem

Num toda escuridão é triste

As vezes revela algo que existe

Em algum canto da mente

Solitário pensador, louco eminente

Palavras, eram apenas palavras

Mas que transmitiam a verdade

Não só desejo ou bondade

Era algo maior, além da realidade

Mas a incompreensão as guardou

E hoje ao redor o que restou

São apenas cinzas daquele fogo

Ausente, frio, distante e louco

Chega o momento final

Palavras tornam-se insuficientes

O brilho derradeiro, agora doente

Não quer falar, só descansar

Repousar enfim sozinho

Sem preocupações ou desatinos

Contemplando tudo, sem conflito

Juntando os cacos perdidos

Envolto pela névoa do dia-a-dia

Pessoas como peças de xadrez

Jogadas calculadas, outras nem tanto

Transformando pensamentos em pranto

Escrever para não tomar decisão

Alongar a jogada a exaustão

Vencer o oponente pelo cansaço

Mover ou não, eis a questão

Um espinho na alma

Sobrou só isso afinal

Carcomido pelo tempo

Dolorido, mas não mortal

Mundo dos Textos PicotadosOnde histórias criam vida. Descubra agora