Correntes de Éter

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Correntes de Éter

Aquela chuva tão pálida

De algodões cinzentos a desabar

Não distingue o alegre ou o triste

Acompanha um lado sem pensar

No vazio daquele silêncio

Na agonia das noites frias

Eu ainda não sabia

Que o fim nem sempre se anuncia

Olhar perdido para o horizonte

Buscando o encontro no infinito

O paralelo incerto do destino

Adivinhando o lado que estás a olhar

O impacto brutal que estilhaça

O poder do sangue que une

Não sei o motivo que me punes

Provocando tanto esse quebrar

Olho ao redor e vejo pedaços

Sei que esses nunca mais terei

A cada dia menos completo

Até que um dia nada serei

Lágrimas pontiagudas, laminas disfarçadas

Cortando a pele, provocando dor

Expondo a carne já cansada

De tanto se recompor

O grito contido no silêncio

Uma oração, o ultimo suplicio

Tentando transformar o mundo

Em um lugar melhor, um hospício

Com a sanidade ausente

Buscando revelar o inconsistente

Leve, verdadeiro e inocente

Expondo o sentimento latente

A falsa urgência do olhar

Buscando o invisível sem cessar

Carrego a ancora do mundo

Correntes de éter a arrastar

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