EU SOU AJUDADA

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-Você está linda! - Lucas abriu os braços.

-Nem ligo. - bufei.

-Vai, se anima, vamos ver gente diferente, você vai socializar um pouco, manter essa boquinha fechada, sorrir e ser educada, né?

-Sim. - suspirei lembrando do ponto número 3 do meu plano inicial: não me arriscar desnecessariamente.

-Ótimo! Vamos.

O caminho até o local do jantar de negócios parecia não ter fim, Lucas estava bem humorado, sinônimo de falar infinitamente, eu estava mais focada em usar desse evento como uma brecha para descobrir mais alguma coisa, sentia meu coração se apertar mais a cada dia, o dia da entrega se aproximava como um leopardo e eu até agora só tinha datas e contatos.

Que Deus continue comigo.

Chegando ao local luxuoso, fomos servidos com bebidas e boa música, havia cerca de uns trinta homens com suas esposas e acompanhantes. Vasculhei o local com os cantos dos olhos e disfarcei o peito acelerado, não podia ser, Souta estava aqui, estava do lado de fora fumando freneticamente um cigarro.

Engoli minha ansiedade e quando a chuva de colegas de Lucas o cercou eu pedi se podia olhar o jardim, ele estava tão confiante que eu não fugiria (e provavelmente não viu Souta) que permitiu; caminhei lentamente até o lado de fora e lá estava ele, tirando outro cigarro do bolso, prestes a acender.

-Souta... - repreendi.

Ele se virou e empalideceu, seu olhar carregava algo duvidoso, ele se aproximou de mim e eu tirei o cigarro ainda virgem de seus lábios.

-Onde você esteve? - falou sem rodeios.

-Não posso explicar com detalhes, mas meu ex namorado doente está me prendendo e ameaçando matar você e Alice caso eu resista em me casar com ele, ele matou Louis e me levou logo em seguida, estou tentando achar um jeito de ele e o pai dele serem presos, mas tá difícil, eu sinto tanto sua falta, Lucas é um mentiroso, você não cortou o cabelo. - falei tudo tão rápido que duvidei até mesmo se eu havia entendido, tirei o saquinho com o suposto cabelo de Souta de dentro do sutiã e mostrei a ele.

-Só me foi dito que você parou por motivos de força maior, fui atrás de você e soube de Louis, mas ninguém sabia onde você estava.

Eu o abracei brevemente temendo pegar cheiro de cigarro e Lucas reparar.

-O que houve com seu dedo? - com uma mão me abraçando ele deslizou a outra e pegou em minha tala.

-Foi... Foi um acidente.

-Está mentindo, ele fez isso com você. - Souta estava sério, mas algo me dizia que ele estava pegando fogo por dentro.

-Eu vou voltar pra lá, se ele suspeitar que vim vê-lo eu vou... - me calei, Souta não podia saber que Lucas me batia. Dei um grande suspiro e Souta balançou sua mão na frente do meu rosto cerrando o punho, olhei para ele e ele tocou meu rosto.

-Há uma crença que quando se suspira deixa escapar um pouco de felicidade. - fez uma pausa - Eu vou te esperar. - Souta disse dando as costas, pegou uma flor do jardim e me entregou, saiu andando, dando a volta no salão e eu segurei o sorriso.

Abaixei para olhar outras flores, guardei o cigarro virgem no sutiã e senti uma mão em meus ombros, olhei de relance e reconheci Lucas.

-Então é aqui que você estava.

-Eu disse que viria ao jardim.

-Que cheiro de cigarro, tá sentindo? - ele olhou em volta, tentei disfarçar, mas graças aos céus dois homens estavam fumando a poucos metros de nós.

LAURENOnde histórias criam vida. Descubra agora