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-Katherine-

Eu acordei de manhã com a cabeça girando,provavelmente por causa do barulho irritante do despertador. Irritada por estar acordada tão cedo, caminhei lentamente para o banheiro e fiz tudo o que faço todo dia:tomo banho,escovo os dente,penteio o cabelo,o que todos fazem ao acordar.

Meu mau humor passou quando sai do banho,e foi substituído por uma euforia que nem eu sabia que poderia ter. Nessas horas é que eu queria ter uma amiga,só para gritar no telefone e ter aqueles ataques patéticos de menina.

Ri do meu pensamento,eu rindo e pulando como uma garotinha,acho que isso nunca vai acontecer.

Desci as escadas lentamente e encontrei somente meu pai com uma xícara na mão e lendo o jornal.

"Bom dia"-Ele disse enquanto eu atravessava a cozinha para preparar meu café.

"Bom dia"-Respondi no mesmo tom seco.

"Grande dia hoje hein"-Ele disse tentando formar um diálogo entre nós.

"Pois é"-Respondi tentando ser agradável.Coloquei duas torradas na torradeira e fiquei olhando o amanhecer pela janela da cozinha.

"Então o que você vai ter que fazer para conseguir o emprego?"-Ele perguntou meio desconfortável.

"Fotografar um adolescente para uma campanha de roupas"-Respondi sem dar muita atenção.

"E quantos anos ele tem?"-Ele perguntou preocupado me fazendo rir.

"Por que você se importa?"

"Porque você é minha filha!"-Ele disse num tom obvio me fazendo rir ainda mais.

"Me conte a piada!"-Ele disse irritado, com a voz alterada.

"Você dando uma de pai preocupado, desculpa mas isso não encaixa em você"-Eu respondi tirando as torradas quentes da torradeira.

"Olha só eu sei que eu fui um pai horrível mas estou tentando melhorar"

"Depois de 19 anos?Francamente isso é patético"-Eu disse agora irritada.Ele ficou calado enquanto eu acabava de preparar minhas torradas,sai da cozinha irritada de mais para continuar ali.

"Katherine!"-Ele me chamou e relutante apareci na porta para ouvir o que mais ele poderia me falar para estragar minha manhã.

"Me desculpe...por tudo"-Ele disse olhando para mim,eu revirei os olhos e voltei para o meu quarto.

Sinceramente se ele acha que simples palavras vão apagar todo o trauma que ele me causou,ele está muito enganado.

Liguei a TV na intenção de me distrair, um programa de culinária estava passando então resolvi assistir, talvez melhore minhas habilidades na cozinha.

Tenho medo de quando for morar sozinha,vou ter que comer em restaurantes todos os dias,minhas especialidades na cozinha são resumidas em macarrão,torradas e ovos.

A moça,com cabelos mais pretos e brilhantes que o normal,estava falando animadamente sobre os toques finais da receita quando alguém bateu na porta.

"Entra!"-Respondi distraída com as belas amoras que ela estava mergulhando no açúcar.

"Oi"-Gui disse sentando do meu lado.

"Oi"-Respondi no mesmo tom e coloquei minha cabeça em seu ombro.

Mesmo que implicante,Gui é o único amigo que tenho,o único que se importa comigo.E eu tenho a sensação que sou sua única amiga também,ele conhece o colégio inteiro mas nenhum daqueles garotos sabe muita coisa sobre Gui,somente que ele anda de skate e toca violão.

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