CAPÍTULO XVIII.

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  Após sair escondido de casa enquanto sua mãe assava um bolo e seu pai reclamava do tanto de pó que os CDs que eles haviam acabado de ajeitar no portão haviam acumulado durante os anos que foram deixados jogados de lado, Adam finalmente pisou novamente naquela cafeteria.
O refúgio dele e de Astrid após as aulas.
  Algumas pessoas conversavam e bebiam café em copos térmicos do lado de fora da cafeteria que carregava um grande logo que nomeava o lugar.
  Vivienne havia mudado o design, mas continuava a mesma coisa brega de sempre. Reconhecível.
  Adam já havia acompanhado sua amiga até ali diversas vezes.
  As cafeterias alemãs eram diferentes das americanas, que na maioria eram apenas Starbucks e lanchonetes. 
  Adam se aproximou da bancada, onde uma jovem garota de cabelos castanhos claros trabalhava em uma máquina de café.
Ele a aguardou finalizar a xícara e entregá-la à uma senhora que retribuiu com um doce sorriso.
  A garota se direcionou à ele, prestes a perguntar em o que ela seria capaz de ajudá-lo.

- Sim?

- A gerente do lugar estaria aí?

   Adam perguntou, em voz baixa.

- Sim, ela está. Por quê?

Ele se sentiu vanglorioso por dentro, e cerrou um punho, sorridente.

- Ela estaria disponível para uma conversa agora?

  A garota pensou por um momento, encarando aos copos limpos em cima de uma pia.

- Eu não sei. Ela não gosta muito de ser incomodada.

- Por favor. Serão apenas alguns minutos. Você poderia tentar chamá-la para mim?

Cativada por seus olhos claros, a garota ajeitou seu avental em sua cintura.

- Tudo bem. Espere um pouco.

- Obrigado...

  Adam suspirou, e exibiu seus dentes em um sorriso contente.
  A garota verificou se não havia mais nenhum cliente prestes a se aproximar da bancada para fazer pedidos, e subiu umas escadas localizadas no fundo rapidamente.
  Adam se perguntou se Vivienne morava ali; seria estranho, visto que na época em que andava com Astrid, a família morava em uma casa de classe média em um bom bairro localizado perto de comércios.
Ele olhou ao redor, examinando as janelas que não eram diferentes das antigas nas paredes.
  É claro que não podemos tomar café de graça todo dia. É uma cafeteria, não uma instituição de caridade.
  Ele sorriu ao se lembrar das antigas palavras satíricas de sua amiga, a quem ele havia acompanhado até sua casa após um dia de aula.
Bateu com a ponta de seu tênis no chão, sorrindo para o nada.
  Dos fundos a jovem garota descia, andando apressadamente à ele, que logo notou sua presença, e se virou, disposto a ouví-la.

- Ela mandou você subir. Primeira esquerda.

A garota sorriu, encarando sua corrente em seu pescoço de relance.
Ela encararia por horas, mas tentar fazer aquilo naquele momento seria constrangedor.
  Adam devolveu um largo sorriso, e acenou com a cabeça.

- Muito obrigado!

Andou até as escadas, e a garota o observou dar cada passo.

- Moça?

  Seu desnível de atenção se equilibrou novamente ao acordar efetivamente, e ver que um homem careca já estaria esperando para anotar seu pedido há alguns minutos.
  No andar de cima, Adam olhou para todos os lados, não reconhecendo o andar. Aliás, se aquele lugar existisse na época em que ele frequentava a cafeteria, ele não conhecia. Não se lembrava se havia mesmo uma escada às escondidas.
Costumava conversar com Astrid nos bancos de fora, até que Vivienne os mandasse ir para outro lugar, pois o estabelecimento estaria começando a ficar cheio, e as mesas teriam que estar desocupadas para os que pagariam para se sentar.
  Adam bateu em uma porta à direita, como a garota com avental havia o instruído. Ao não receber resposta alguma, bateu novamente, até finalmente ouvir uma resposta de uma mulher com uma voz curta e grossa:

Music Breastfeed ( Is It Love? Colin Spencer )Onde histórias criam vida. Descubra agora