Capítulo 13 - Balinhas coloridas

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A voz rouca de Martin me dá calafrios.

— Se você tiver ferrado a gente, eu vou ferrar você.

Passo a mão no cabelo e percebo que meus fios estão oleosos.

— Como se você se importasse com alguém além do seu próprio rabo — digo, impaciente.

Ele larga Charli e se inclina na namoradeira, estralando dedos barulhentos.

— Com o que eu me importo não é da sua conta, mas garantir nossos prêmios é da conta de todo mundo, incluindo da sua, príncipe. Sendo assim, reze para nossa punição não incluir coisas que machuquem, pois não vou ter dó de usar.

Ótimo, voltei a ser ameaçado pelo Cão dos Baskerville. E se Martin for minha verdadeira punição? Vai ver eles sabiam que eu iria violar as regras do jogo, e decidiram jogar esse maluco aqui para acabar com a minha raça.

Martin empurra a mesa de vidro levemente, fazendo ela balançar suavemente pelos cabos presos no teto. O movimento da mesa transforma o clima de boate da sala em suspense. Todavia, Nick, do outro lado, para a mesa com sua pegada forte.

— Do jeito que você age, acredito que toma remédios controlados para a raiva — diz Nick, chamando o olhar de Martin como um afronte.

— Vou te fazer tomar remédios para dor se não ficar na sua — responde, prestes a se levantar, mas Charli puxa com delicadeza sua jaqueta de couro sintético preto.

— Fica calmo, docinho. Esse plebeu acha que vai ter o coração do príncipe de volta agindo como um machão, mas não passa de um frangão.

Martin cai na gargalhada e os dois se beijam. Charli está certa, Nick demonstra total arrependimento no semblante, mas meu orgulho é grande mais para deixar para lá tão facilmente. Apesar disto, preciso de um aliado forte e Bella não demonstra nada além de tédio.

Não sei como será nas finais, Bella também pode ser uma inimiga? E ela está bem ao meu lado, pode dar o bote a qualquer hora. Cobra é cobra.

A fim de criar uma aliança, puxo assunto com Bella:

— Será que como punição eles me trancarão em uma sala com Martin para que ele quebre minha cara?

Ela levanta uma sobrancelha.

— Não. Eu acho que esse castigo vai cair na cabeça de cada um de nós, não acho que NERVE vá deixar barato.

— Ah, eu me sentiria mal por fazer os outros pagarem pelo meu erro.

Martin solta uma risadinha para me provocar. Ele está ouvindo nossa conversa? Não sei se vou aguentar este idiota.

Não tenho nenhum assunto com Bella; ela tem gostos distantes dos meus e, pelo que me contou, é rica. Não sei como alguém que pode ter tudo o que quer se daria o trabalho de virar parar num lugar como este. Pelo visto, outras pessoas precisam de um pouco de atenção além de grandes prêmios.

— Espero que tenham aproveitado o intervalo, jogadores. — Guy aparece novamente na tela, com as mãos juntas.

— Já está tudo preparado para a próxima rodada. — Ela mostra os dentes com um sorriso convincente. — Estão prontos?

Martin é o único a responder:

— Sim!

Ainda resta duas horas de jogo, e eu terei minha faculdade garantida. Se eu aguentar, e é bom que eu aguente — não quero ver Martin cumprindo com a promessa. Também estou ansioso pela punição. "Quando julgarmos oportuno", NERVE disse. Isso quer dizer que podem vir atrás de mim quando eu tiver noventa anos sentado em um asilo? Devia ter lido as letras miúdas quando me inscrevi nisso.

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