Capítulo 18 - Perspicácia

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Grito, deixo a arma escapar de minha mão e me jogo no chão com a mão na cabeça. A música de terror durou apenas cinco segundos, agora volta a tocar hinos de baladas. Isso foram realmente disparos? Três armas apontavam para mim e eu não sinto nada. Sobrou para o Nick? As luzes permanecem apagadas e todos estão em silêncio.

Por mais que eu odeie a pistola, tateio o chão procurando por ela. Detesto a textura de borracha do carpete. Encosto em pele humana e contenho um grito.

— Shawn? — A voz de Nick me acalma como um abraço. Ele não soa machucado.

Levanto a cabeça. Não sei mais onde estou. Posso estar no meio da sala, ou ao lado do vira-lata do Martin. Abomino a escuridão, pelo menos encontrei minha pistola.

— Estou bem — murmuro alto. — Você atirou?

— Não — ele murmura de volta. — Presumo que você também não. Foi bem alto, parece que veio de trás de mim.

Devem ter aumentado pelo menos um pouquinho de nada da iluminação, porque agora posso ver o contorno de Nick. Ele não está deitado no chão como eu, mas está ajoelhado ao meu lado. Dou uma breve olhada para os outros jogadores: ninguém mais está apontando a arma. A maioria também está agachada, apenas Gigi se jogou no chão como eu.

— E você falando que eu não tenho a capacidade de segurar uma pistola, Shawn. — Ouço a voz de Martin, ele parece estar rindo.

— Eu não atirei, babaca — revido como se rosnasse.

— Meu cu. Foi um de vocês, o tiro veio daí.

— A gente também ouviu — argumenta Nick —, o jogo deve estar tentando nos enganar e fazer a gente atirar.

— Quem confia? — Ouço a voz de Zayn. O tiro deve ter o despertado. — Estou sentindo cheiro de pólvora.

É a vez de Bella entrar na conversa:

— Eu ouvi cinco tiros. A não ser que eu esteja louca, vieram todos dos alto-falantes. Fizeram as luzes piscarem feito loucas para parecer que tinha alguém realmente atirando.

— E podem ter jogado pólvora pela ventilação para parecer realista — complementa Nick. — Querem que a gente acrescente conteúdo para o jogo. Se um de nós tivesse atirado, certamente alguém estaria chorando no chão a essa altura.

Esta é a única solução plausível. Graças a todos os deuses ninguém puxou o gatilho. Lentamente me levanto e permaneço agachado ao lado de Nick, que me mantem próximo com um braço no meu ombro. Consigo ver o contorno de Martin com sua cabeça apontada para nós. Ele ouve o que Charli tinha para contar ao ouvido e os dois riem baixinho. Zayn ajuda Gigi a se levantar. Bella é a única que deixa os joelhos desnudos no carpete de borracha nojento.

Um som de bip ecoa e todos olham para o texto que aparece bem claro no chão.

VOLTEM A MIRAR COM SUAS ARMAS.
PERMANEÇAM ASSIM PELOS PRÓXIMOS
VINTE MINUTOS RESTANTES DO JOGO.
AGORA.

Como agora parece ser seguro, todo mundo levanta da posição agachada.

— Engraçado que não dão nenhuma explicação — protesta Charli, a voz amarga.

— E é melhor nem exigir — comenta Bella, baixinho.

As duas levantam o braço para mim. Martin já estava, o que não me impressiona. Zayn e Gigi também apontam para Nick. Eu olho para ele e, após uma breve conversa de sobrancelhas, apontamos nossas armas também — eu para Martin, Nick para Zayn. Não temos escolha, não abrirão as portas.

Nick toca minha mão.

— Vai ficar tudo bem.

— É claro que vai. — A voz diplomática de Martin vem do outro lado da sala.

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