SEM MEDO DOS RISCOS

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-Somos como Robin Hood - ela diz calmamente- tiramos dos ricos para dar aos pobres, e com ricos queremos dizer a monarquia e seus amiguinhos, aposto que se Daphne confia em você, é porque está ao nosso lado, aprova os direitos iguais, correto?

- Sim, concordo com vocês e farei o que estiver ao meu alcance para ajuda-los, apesar dos riscos que corro ao roubar minha própria família e "amiguinhos", pois compartilhamos os mesmos ideais.

- Riscos? - ela ri debochadamente- o único risco que você corre e lascar uma unha.

- Acho que você desconhece as leis de Águas, ao contrario de Flores as mesmas leis de punição ao povo valem para a família real.

Ela fica chocada e sem palavras com alguns segundos, provavelmente me imaginando ao ser presa os espancada, e apesar do medo, medo de tudo que pode acontecer, medo da desonra, da vergonha de meus pais, pode ser que valha a pena, pode ser que tudo isso me sirva de crédito com Deus um dia, pode ser que correr um risco enorme seja uma forma de suprir outros riscos.

- Okay, que tal ao invés de ficarmos imaginado o que pode acontecer de ruim, você descobrir o que pode acontecer de bom?

- Por onde eu começo?- digo segurando alguns cobertores que ela havia colocado no divã.

Eliana não me responde, ao invés disso vira as costas e continua andando com livros e uma cesta de frutas, sem pensar nos riscos a sigo, sigo não só porque confio em Daphne mas porque confio em Eliana sem nem mesmo conhece-la, confio nela simplesmente porque confio, não uma explicação lógica...

Saímos dos muros do castelo e mal percebo, entramos em alguns becos malcheirosos na cidade, o céu esta meio rosa meio laranja, o único tom de laranja que eu gosto, devem ser 5:00 da manhã, fico imaginado o que aconteceria se meus pais acordassem e não me vissem no café da manhã, afasto esse pensamento, me foco no agora, coloco o capuz da minha capa, e me sinto como Polly entre os túneis em o sobrinho do mago, como Lucia no guarda-roupa em o leão, a feiticeira e o guarda-roupa, como Meggie espionando Dedo Empoeirado em coração de tinta, e como tantas outras personagens que se escondem por um bem maior, só que se me encontrarem distribuindo cobertores as 5:00 da manhã no meio da rua, as punições serão bem maiores que simples broncas.

Eliana entrega livros para uma senhora com cabelos brancos e uma maçã para uma garota que não deve ter mais de 7 anos, demoro um pouco para perceber que devia estar fazendo o mesmo.

- Kathlyn, eu sabia que você não era apenas uma princesa materialista. - diz a senhora, o que um problema, a primeira pessoa que ajudei me reconheceu, puxo um pouco mais o capuz e coloco o dedo sobre a boca pedindo segredo.

A garotinha sorri para mim, em sua boca falta um dente, mas ainda assim ela tem o sorriso mais fofo que eu já vi, um sorriso de gratidão.

-Um dia quero ser como você, ajudar as pessoas- ela diz mordendo a maçã- qual o seu nome?

Olho para Eliana que esta tão surpresa quanto eu, mesmo com o vestido simples e a capa, meu nome me denunciaria, mas por mais que tente mentir...

-Meu nome é Kathlyn.- digo sorrindo, mais uma vez sem me importar com o risco.

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