12. SUHO

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Quando Minseok disse que viria me buscar, eu fiquei tão feliz. Fiquei muito aliviado por ter a certeza de que finalmente eu iria sair daquele tédio. Eu não aguentava mais ter que pagar de adolescente exemplar e perfeito. Se já não bastasse a pressão do meu pai, que faz questão de quase todos os dias me lembrar que eu deva entrar na SKY, eu ainda teria que lidar com a minha mãe me usando de trófeu para se exibir para seus colegas de trabalho.

E eu pensando que minha vida melhoraria depois que eles se separassem.

Eufórico, eu guardei meu celular no bolso e saí da cabine dentro do banheiro logo em seguida, mas assim que saí, meus sentidos que eu não percebi que não havia perdido haviam voltado a funcionar. O barulho da água corrente se fez nos meus ouvidos e os meus olhos encararam um corpo curvado lavando, meio de costas para mim, lavando suas mãos na pia. Pelo reflexo do espelho, eu via apenas o seu cabelo preto e sua testa; seu rosto estava abaixado.

— Hm... Oi?!

Não sei porquê, mas eu o cumprimentei sem querer; as palavras simplesmente saindo da minha boca.

Ele virou-se para mim e franziu as sobrancelhas. Seus olhos negros não sorriam, embora seus lábios se esforçassem para mostrar um sorriso — mesmo que mínimo. Ele parecia que estava se obrigando a ser simpático ou algo assim.

— Olá — ele disse com dificuldade, como se tivesse que fazer um esforço muito grande para pronunciar aquilo. — Gostando da festa?

— Quem me dera. Se não fosse pelos salgadinhos, eu já teria fugido desse lugar.

— Quer fugir? — ele perguntou, agora mais relaxado. Sempre fui bom em ler as pessoas e ele parecia que estava ponderando se confiava ou não em mim.

— Obrigado, mas não — recusei gentilmente. — Não sou paranóico nem nada, é só que eu estava conversando com um amigo e ele está vindo me tirar daqui.

— Ele é o seu príncipe que vai lhe resgatar num cavalo branco? — ele perguntou, divertido.

— Na verdade ele está mais pra fada-madrinha que vem a pé mesmo porque não tem uma carruagem — ele gargalhou do que eu disse, e eu continuei: — Sabendo como é, né? A crise; não está fácil pra ninguém.

E então o menino na minha frente estava completamente relaxado, rindo do meu comentário e, contagiado pelo seu riso, eu sorria também. Parecia até que erámos amigos de infância contando algo engraçado um para o outro e não dois estranhos que se conheceram no banheiro em menos de um minuto.

— Se você nem seu amigo se importarem, acho que posso me juntar a vocês na sua fuga, ou vocês possam se juntar a mim na minha — lançou o convite e depois completou: — Eu tenho carro!

Once | XiuchenOnde histórias criam vida. Descubra agora