- Não somos capazes de deter o inevitável.
Quando Pandora desceu do ônibus, sentiu a brisa fria bater contra suas bochechas quentes.
- Uhhh....- Ela se abraçou e esfregou as mãos nos próprios braços. - Por que parece mais frio que o de costume? - Olhou para as montanhas e notou o céu um pouco mais cinzento do que o seu azulado já incomum. Ela apenas respirou fundo e seguiu o caminho para a casa.
Estava distraída, ouvindo suas músicas em um volume alto, quando sentiu algo pequeno e gelado pousar no seu nariz.
Era um floco de neve.
Ela, então, se apressou para chegar em casa e durante o trageto notou que a neve e a geada eram trazidas pelos ventos das montanhas.
A garota pegou o celular para ver a hora.
1:40 pm.
Em menos de 15 minutos, já estava em casa.- Mãããee!! Já cheguei! - Ela avisou assim que fechou o portão de madeira pintado de branco, mas, com a maior parte da tinta já descascada. Ao redor da casa e do seu quintal havia um muro de pedras pesadas que era até que baixo na parte da frente e ficava mais alto quando ia aos fundos da casa onde também havia uma porta de madeira que dava acesso direto à floresta. Aquela porta velha, torta e pesada não era aberta havia anos, desde o desaparecimento de seu pai.
- Mãe? - Pandora entrou e ouviu apenas o som da televisão ligada na sala. Sua mãe estava cochilando no sofá.
A jovem caminhou até a janela e observou a geada congelar, lentamente, a parte exterior do vidro. E, então, ouviu chamar:- Filha? - Disse a mãe com voz sonolenta. - O que tem ai fora?
- É... Bem, misteriosamente, tem neve.
- Neve? - A mãe se ajeitou no sofa e puxou o cobertor verde sobre os ombros. - Nós ainda estamos na metade da primavera, não é?
- Acho que estamos quase no verão.
- Esse lugar é maluco.
- Esse lugar é maravilhoso. - Disse, ainda encostada na janela.
- Seu pai dizia a mesma coisa... - Ela soltou.
- O que? - Pandora não obteve resposta, assim que se virou a mãe parecia que sempre esteve dormindo. Então, a garota simplesmente largou a bolsa no sofa, tirou a blusa e os tênis e os deixou ali mesmo e se dirigiu à cozinha. Sua casa era bem aquecida.
- Não deixe suas coisas espalhadas aqui na sala! - Sua mãe exclamou e isso a fez assustar e em seguida rir.
- Okay, Mãe.
- Está com fome? Não fiz almoço mas, tem café no balcão, manteiga na geladeira, pão e bolachas no armário. Vá descansar depois.
- Ookay, Mãe.
Pandora não se importava se a mãe fizesse ou não o almoço ou a janta, só não queria ficar com fome e em sua casa sempre tinha alguma coisinha para comer.
Ela estava esquentando um pão com manteiga em uma tal de chapa e mesmo sem estar com seus fones, cantarolava alguma canção. Estava distraída como sempre, Pando era distraída, e a consequência disso foi que levou um grande susto quando algum animal bateu bruscamente contra a janela da cozinha deixando o vidro rachado.
- O que você quebrou ai, menina? - A mãe imediatamente perguntou, assustada.
- Eu nada, mãe! - Ela respondeu, esquecendo-se de algumas palavras, depois de conseguir se recuperar do susto. - Acho que é um passárinho que bateu no vidro, vou ver se ele está bem.
Ela saiu de casa com os braços nús e logo se arrependeu de não ter pego uma blusa qualquer pois estava mais frio. É tarde de mais para voltar, pensou. A garota se apromixou da janela e procurou por uma ave ferida ou prestes a morrer, mas, não encontrou nada.
Então, ela olhou de novo.
Olhou bem.
Pensou mais de duas vezes.
Olhou mais de perto.- Impossível....
Era uma enorme mariposa cinzenta.
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Lobos de Cinzas
FantasyOs dias eram frios, mas, o Sol sempre brilhava sobre a vasta floresta ao leste, onde viviam animais peculiares. Bem próxima à floresta, por assim dizer, bem ao lado, morava uma adolescente curiosa chamada Pandora, vivia com sua mãe que se agarrava a...