N I N E

35 6 63
                                    

Sinto sua mão apertar um lado da minha cintura.

A janela da sala fazia uma fraca claridade sobre a sua face, e então podia ver seu sorriso torto e seus olhos devidamente fechados.

- Posso te contar uma coisa ? - ele diz sussurrando.

- Cara são 2 da manhã e você.. - sou interrompida com o seu dedo indicador nos meus lábios.

Então ele põe as mãos na minha nuca me apoiando novamente em seu peitoral.

- Shhhh. - ele faz dando carinho aos meus fios de cabelo. - Posso dizer ? - ele prossegue.

O olho assustada. Mas tento lhe passar a idéia de que sim, ele podia dizer.

- Devo dizer a você que escute com muita atenção. - ele vidra os olhos em mim, a sala estava escura e a claridade vinda da janela me fazia o olhar com um efeito azul. Seus olhos brilhavam e ele me olhava com compaixão. Ele decide tocar devagar com seus dedos gelados em meu rosto, umidece a sua boca e diz. - Em todos os anos da minha vida, ninguém nunca mandou meus pesadelos irem embora tão bem sem dizer nada.

Eu senti um frio na barriga imenso, nesse momento o olhei assustada.

- Você me causa contrações Lee - ele susurra.

Franzo as sobrancelhas. - De que tipo ?

Ele põe a mão em minha nuca, já me vejo sobre ele e sinto nossas respirações rápidas.

- Do tipo que acelera o coração e de alguma forma a alma também. - ele me conduz para um beijo e até então para com os lábios abertos perto de mim.

- E-eu - abro levemente os meus lábios também. E então seus dedos percorrem entre os cabelos da minha nunca como um carro numa estrada. Eu vi o meu fim quando ele os apertou e sussurrou. - Me beije Lee.

E nesse momento lembro ter perdido minha sanidade. Era curiosa a simetria apresentada e vinda de nós dois, o beijo representava mais que amor. Um amor nem um pouco frio, a paixão continha um tipo de conservante que não nos deixava livres. As mãos dele queriam me segurar inteiramente, ao mesmo tempo.

E apesar de eu estar nos braços dele, ele ainda não acreditava nisso, e parecia que temia que fosse um sonho e que aquele sonho acabasse de novo, de modo não resolvido, como tinha acontecido tantas vezes no passado e lhe causara tanta dor e agonia. E o tempo, a duração do beijo, era o fator mais insignificante. O que nós queríamos era apagar aquela chama dentro de cada um de nós.

Eu queria decorar como me sentia totalmente presa por ele, à ele. Queria lembrar o cheiro e a textura do pescoço dele, da boca. Em anos nunca havia desestruturado tanto com o meu coração. Segurei seu rosto entre minhas mãos e dava o máximo de mim naquele beijo. Nessa hora, nenhum sentia mágoa, nenhum sentia medo de um passado que nos condenasse; só o que demonstravam eram as coisas boas que sentiam, a pureza apaixonada, a inocência.

Lembrei que não poderia entrar de pé direito nas ciladas do amor, lembrei que quando nos apaixonamos por alguém, se machucar vem no pacote.

Me afasto de seu corpo. O encaro a assustada.

- Você pode ir pro seu apartamento.

Ele corre os dedos sobre o seu cabelo e me olha incrédulo.

- Liam nós não temos uma relação, eu já tive uma relação fui arruinada com isso, e não quero mais que isso aconteça.

- Lee. Eu sou um cara diferente Lee. - ele toca no meu rosto e me encara. - eu realmente estou me apaixonando por você.

Frio.

- Isso foi um lance. - levanto e ligo a luz, pego a chave do meu apartamento e vou correndo abrir a porta. - Sério Liam.

- Eu não irei forçar permanência. Eu irei, mais isso não foi um lance.

- Nós temos uma amizade a partir de hoje. Somente. - falo sílaba por sílaba devagar.

Ele passa por mim cabisbaixo.

- Vou te mostrar que você pode sair dessa bola que você criou. - ele sorri fraco. - boa noite Lee.

Fecho a porta e saio com as mãos nos cabelos em direção da minha cama.

- Como pude ? - falo para mim mesma.

Me jogo na cama.

- Relações estáveis. - balanço com a cabeça negativamente. - hum hum.



...



- Luz não dá pra colocar isso na cabeça. - falo para Zoey caminhando até a minha sala de consultoria.

- Então quer dizer que você vai ficar encalhada por todos esses anos ?

Fico calada. - Luz entenda - grito - Eu estou me apaixonando.

Me senti em uma de minhas poltronas. - Isso é maravilhoso Lee, você vai poder construir a família que você sempre quis.

- Nana nana - balanço com a cabeça negativamente. - Vamos mudar de assunto. O Henry, como foi lá ?

Ela respira fundo. - Foi ótimo, nós nos divertimos bastante, conheci uma de suas sobrinhas, a Mel. Você precisa vê-la, ela é uma criança adorável.

- Me lembra a irmã da Chelsea - dou um sorriso torto.

- Você tem mantido contato com ela ? - Zoey pergunta abrindo o armário para pegar umas papeladas.

- Não - bebo um pouco de café. - Nem com os meus pais, aliás, vou ligar pra eles hoje a noite.

- Estou morrendo de saudades do tio Tom e da tia Elise. - ela abre um sorriso. - Principalmente da torta de maçã que ela faz.

Sorrimos.

- Você é ótima.

Ouço um batuque na porta.

- Deixe-me ver - digo me levantando e indo até lá.

Céus !

- Oi princesa, oi amiga da Lee. - era o Ethan. - Vim convidar vocês duas já que são inseparáveis para conhecerem um restaurante novo. Topam ?

Olho de solsaio para Zoey e mordo o canto dos lábios.

- Obrigada, mas não poderei ir. - Zoey diz.

Ele me olha como quem perguntasse se eu iria.

- Tudo bem, mas sem bebidas.

Ele sorri.

- Às oito passo no seu apartamento, deixe-me que eu te levo.

Ponho uma mecha de cabelo atrás da orelha.

- Ok. - dou um sorriso fraco.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Jul 06, 2017 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Não Posso Negar Onde histórias criam vida. Descubra agora