Capítulo 1

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Após 10 horas de voo, o avião finalmente pousa no Rio de Janeiro, um misto de emoções me invadem e não consigo destinguir as sensações, não consigo saber se estou feliz ou triste, mas definitivamente, não estou no meu estado mais normal. A última vez que estive aqui no Rio de Janeiro, forá há mais de 13 anos, depois do trágico acidente que vitimou meus pais. Suspiro ansiosa, pego minha bagagem de mão e desço. 

Na área de desembarque consigo visualizar minha tia Silvia, toda feliz e sorridente. Ela levanta os oculos de sol quando me vê e vejo que lágrimas escorrem por seu rosto. Assim como eu, ela deve estar pensando em quanto tempo faz que não estive aqui. Caminho a passos lentos em sua direção, observando o lugar, as pessoas a atmosfera e definitivamente, o calor que faz aqui, tão diferente do clima gélido de Nova Iorque nessa época do ano.

Minha tia me aguarda ansiosa, mas quando estou bem proxima dela, ela põe um fim a nossa distancia e me abraça. Sinto-me verdadeiramente acolhida por ela, seu abraço é sempre tão acolhedor. Apesar de eu estar a todo esse tempo em território brasileiro, minhas tias e meus primos viajam para Nova Iorque com muita frequência.

 
— Minha boneca, como é bom ter você aqui no Brasil, juro que não vou te deixar voltar. — Minha tia em tom de brincadeira e me ajuda com minha bagagem.

A tia Silvia é irmã da minha mãe e sempre ficou ao lado do Robert, meu irmão e de mim, nos amparando depois da fatalidade.

- Aí tia, eu estou tão cansada, voos são tão cansativos, eu posso pensar seriamente em morar aqui, só para não ter que enfrentar mais um voo de 10 horas, para Mannhantan. Só a questão do fuso horário me deixa exausta. - Falo e ela me guia para o estacionamento.

— Vamos pra minha casa, ou nossa de agora em diante. — ela diz e percebo que está muito animada com minha presença.

— Só enquanto eu procuro um apartamento.

— Isso pode ser discutível. — ela diz e dou risada.

Minha tia Silvia é irmã da minha mãe. Ela é tão bonita, com seus cabelos loiros perfeitos caem como cascata em suas costas. Ela tem um corpo de dar inveja.
Colocamos minhas malas no porta malas do carro e me sento no banco carona e minha tia vai dirigindo pelas ruas do Rio de Janeiro. Fico só admirando as praias, as paisagens dessa cidade maravilhosa.
Minha tia estaciona em frente a uma casa luxuosa e logo alguém que presumo ser que trabalhe para minha tia vem pegar minhas malas. Entramos dentro da casa. É enorme, grande, bonita, como presumi. Vamos até o segundo andar.

— Lizzie, esse aqui é o seu quarto. — minha tia diz abrindo uma porta e me mostrando um quarto muito bonito, limpo e arrumado.
— Toma um banho, querida, enquanto eu preparo alguma coisa pra você comer. Tem toalhas no armário da pia.

— Obrigada, titia. — falo e ela sorri.

Um senhor bate em meu quarto e coloca minhas malas, agradeço e em seguida ele sai. Minha tia também desce as escadas e abro uma das minhas malas e pego um vestido soltinho e uma sandália. Pego uma bolsa onde tem shampoo, condicionador, sabonete, enfim. Itens de higiene pessoal e vou até o banheiro. Tomo um banho demorado, lavo meus cabelos e me enrolo em uma toalha. Visto a roupa que deixei separada em cima da cama e penteio meus cabelos deixando-os soltos. Passo creme de pele e perfume. Em seguida guardo as coisas que usei e desço as escadas. Chego lá minha tia me leva até a cozinha onde como um sanduíche e um suco, depois subo pro meu quarto e passo a tarde dormindo, pois a viagem foi muito cansativa.
Acordo horas depois e vejo que já está anoitecendo. Tomo um banho rápido, visto uma calça jeans justa, sandálias confortáveis e uma blusa de manga com um decote em v. Desço as escadas e quando chego na sala vejo minha tia Sílvia e a Marina conversando. Quando a Marina me vê ela dá um grito de animação e também começo a gritar. Nos abraçamos. E damos risada.

— Aí meu Deus, você finalmente tá aqui. — ela fala.

— É querida, só você me visita nos Estados Unidos. Então estava na hora de vir te visitar. 
— falo e ela sorri.

— Lizzie, minha mãe está em tempo de arrancar os cabelos. Vamos pra lá, ela está te esperando. — ela diz e concordo.

Tia Sílvia diz que não poderá ir e a Marina e eu saímos da casa e els entra em seu carro. E entro no banco carona e ela parte em direção a casa da minha tia Lilian, também irmã da minha mãe. Eu amo a tia Lilian, ela que amparou o Robert e eu quando nossos pais morreram e eu sou muito grata a ela. Depois de algum tempo, Marina estaciona na garagem da luxuosa mansão da minha tia Lilian. Descemos do carro e passamos pelo jardim, entramos dentro de casa que possui uma decoração moderna, as paredes exibem quadros de momentos em família, momentos que eu não tive a oportunidade de viver com minha família. Um quadro grande e solitário chama minha atenção, nele exibe uma foto dos meus pais comigo e o com o Robert em uma viagem que fizemos ao México, naquela época eu esperava ansiosamente pelo dia que faria 20 anos.  Pois bem, se naquele tempo eu imaginasse que perderia meus pais eu congelaria no tempo. Toco o cordão em meu pescoço, a única coisa que sobrou da minha mãe. Ela usava esse colar no dia do acidente e desde então, eu não tiro ele do meu pescoço, pois ele me faz sentir um pouco mais perto dela.

— Lizzie? — Marina chama minha atenção e só então me dou conta de que fiquei paralisada olhando para a foto.

— Desculpe. — falo acompanhando-a.

Entramos na sala de estar e minha tia Lilian conversa com o Fábio. Ela levanta o olhar e se levanta assim que me vê caminha em minha direção e me abraça. Fábio faz o mesmo.
***

Passamos um bom tempo conversando sobre quanto tempo ficarei aqui, se irei assumir a vice presidência da empresa e outros assuntos. Ouço vozes no andar de cima e em seguida meu tio Rogério e um homem que aparenta ter uns 27 anos, desce as escadas. O homem olha em minha direção e prende seu olhar no meu. E assim faz até chegar ao último degrau. Seus olhos são de um verde penetrante, seus cabelos negros bem cortados constratam com sua pele clara. Ele veste um terno preto sob medida e é notável seu porte atlético. Aparenta ter 1,9 de altura. Quando ele anda e fica próximo a mim, sinto meu corpo ficar febril, minha boca seca e minhas mãos suarem. Não sei o que está acontecendo comigo, eu já conheci homens muito bonitos, o Paul é um exemplo disto, entretanto eu nunca tive uma reação como esta antes.
— Elizabeth, como você está? — meu tio me cumprimenta com um abraço.

— Estou bem, tio, obrigada. — falo e nos afastamos.

— Que bom que você está aqui. Aliás, esse é Sebastian Jones, presidente da empresa aqui no Brasil.

Sebastian Jones, será que ele é filho da minha madrinha? Possivelmente, visto que ele é presidente da Parker. Já ouvi meu irmão falar algumas vezes sobre ele em Nova Iorque, mas nunca me interessei pelos assuntos relacionados a filial brasileira.
Nos cumprimentamos com um aperto de mão, quando sua mão encosta na minha sinto uma descarga elétrica por todo meu corpo.

— Muito prazer. — ele diz com a voz levemente rouca.

— Igualmente.

— Lilian, Marina. — ele cumprimenta-as.

— Olá, Sebastian. — Marina fala.

— Oi querido, você vai almoçar com a gente?
— Tia Lilian - pergunta amigavelmente.

— Ficará para a próxima, Lilian. Tenho uma reunião daqui a meia hora na empresa. — ele diz olhando em seu relógio de pulso. — Até logo. — fala olhando diretamente pra mim, sinto meu corpo se aquecer.

Depois do almoço recebo algumas ligações do Robert e pelo visto estarei trabalhando em pouco tempo. A nossa empresa doa dezenas de imóveis para a caridade anualmente e semana passada o Robert deu uma olhada nas doações aqui do Brasil e imediatamente percebeu que estava acontecendo algo de errado, logo tive que me despencar dos Estados Unidos até aqui para averiguar o problema. Tudo indica que se trata de um esquema fraudulento, entretanto, devo agir com a maior descrição possível. Por esse motivo o Robert solicitou uma reunião com todos os diretores da empresa para anunciar que a partir de amanhã estarei assumindo a presidência da empresa, claro que ninguém pode saber o real motivo da minha presença inesperada aqui, afinal não sabemos quem pode estar por trás da fraude.
Passo as mãos nervosamente em meus cabelos, tenho tanta coisa pra resolver, essa fraude, tenho que comprar um apartamento, um carro e me estabelecer aqui por um tempo. Já que não estou com tempo para muita coisa terei que resolver essas pendências ainda hoje.
E assim passo o resto da tarde, consegui o contato de uma corretora e logo um representante e eu fomos conhecer alguns apartamentos e casas nos melhores bairros da cidade. Optei por um apartamento em um prédio na  Gávea. A corretora entrou em contato com uma decoradora e eu assinei a compra da casa, agora a corretora resolveria a parte burocrática. Quando terminamos, eu estava exausta e decidi resolver o problema de eu estar sem carro pra outro dia.

Segredo Irresistível (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora