•Como assim Deus?!

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   Olho para frente, e sim, era o Arthur.

   —Arthur! —Anna chama ele. Sinto minhas pernas vacilarem assim que ele olha para mim. 

   —Ah, oi gente! —Fala se aproximando. Porque diabos Anna foi chamar ele?!

   —Helena disse que tava com saudade. —CALA BOCA ANINHA.

   —Tava com saudade é?! —Diz olhando pra mim. Puta merda...

   —Mentira! —Falo, mas é óbvio que eles perceberam que era verdade. Eu tenho um maravilhoso probleminha genético, que não sei direito o nome, mas minha mãe também tem. Quando eu fico nervosa ou tímida, meu rosto fica todo vermelho, e quando eu estou tentando mentir e alguém por acaso acaba descobrindo a verdade, também fico vermelha. Entre outras coisas que também me fazem ficar igual o inferno de tão vermelha.

   —Ah, sei. —Ela diz com ironia. —A Juliana estuda aí com você?

   —Sim, já deve estar descendo. —Ele diz e pega o celular no bolso, vendo as horas. —Tenho que ir, gente. Até depois. Fui.

   —Até.

   —Até... —Falo, e depois que ele se afasta, eu grito. —TCHAU CRUSH!

   -(Risos descontrolados da Aninha)

   —Meu Deus porquê eu gritei isso?...

   —Você tem problemas! —Ela fala, ainda rindo igual uma bêbada.

   —E você só percebeu isso agora?

   —Olha a Juliana vindo. —Ela fala chegando perto das escadas.

   —Meu Deus, o que vocês estão fazendo aqui?! —Juliana diz, dando um sorriso e abraçando nós duas.

   —Viemos te ver ué! —Falo.

   —Eu vim te ver, Helena só veio pra ver o Arthur. —Aninha completa.

   —Hm!... —Juliana faz aquela cara de "Opa, É O CRUSH NÉ?!"

   —Vim te ver também! —Falo tentando ser a mais normal possível.

   —É horrível. Ele é da minha turma. —Ela diz, e sua expressão dizia claramente que ela não havia curtido a idéia de estudar com Arthur.

   —Aqui parece ser bonito por dentro. —Digo.

   —Nem tanto, ainda não vi a escola toda hoje, mas não é tão bonita quando parece. As salas são pequenas, eu diria que o Santa Monica é melhor até.

   —Nossa. —Anna diz, olhando em volta. Ficamos mais uns minutos conversando sobre como estava sendo nossos primeiros dias, até que eu falo:

   —Preciso voltar, não posso perder meu transporte. Ele daqui a pouco vai passar lá na escola.

   —Tenho que ir também. Tchau Juh. —Anna diz, e as duas se abraçam.

   —Vem cá também! —Juliana diz, e me abraça. —Vocês vão voltar, né?

   —Claro que sim. Talvez semana que vem.

   —Tá bom, tchau meninas! —Ela fala acenando, enquanto eu e Anna andávamos de volta pra escola.

   —Ei! Me espera! —Ela diz andando rápido atrás de mim.

   —Eu ainda te mato.

   —Por quê?!

   —Porque você falou pro Arthur que eu tava com saudade dele DEMÔNIO!

   —E você não tava não?! —Ela fala irônica. Dou um tapa no braço dela. -Ai!

   —Tava, mas não precisava dizer! —Diminuo o passo para que ela possa me acompanhar. Reparo que dois homens estavam nos olhando, devido ao tapa que eu tinha dado nela. —Vamos logo.

  
   Chegamos na escola, Arthur estava falando com algumas pessoas da nossa sala (eu acho que eram, pelo menos que eu me lembre pelos poucos olhares que eu tinha recebido hoje, acho que eram da nossa sala. Ainda não tinha gravado os rostos, muito menos os nomes).

   —Helenaaa! —Ouço Julia gritando da escola. Mas ela não tinha ido embora? Atravesso a rua junto com Anna e vamos em direção a Julia.

   —Você não tinha ido embora?

   —Eu ia, mas minha mãe acabou tendo que ir resolver umas coisas da Alycia na secretaria.

   —Ela vai estudar aqui? —Anna pergunta.

   —Sim, não sei ainda quando, mas vai. —Ela faz uma pausa, e continua. —Viu o Arthur? Não quer ir falar com ele não?!

   —Já falei.— Dou um tapa no braço dela.

   —Ai desgraça. Vou falar pra ele que você quer falar com ele.

   —CALA A BOCA JULIA. —Falo e agarro seu braço quando percebo que ela iria sair correndo em direção ao Arthur.

   —Ué! —Ela fala e começa a rir descontrolada. —Não quer ficar com ele?

   —NÃO! FICA QUIETA E VAMOS PRA SECRETARIA. —Berro e vou arrastando ela até a secretaria, Anna vem logo atrás. A mãe de Julia estava lá assinando alguns papéis que provavelmente eram da matrícula da Alycia. Como eu não sabia nem queria saber nada da vida da irmã mais nova da minha melhor amiga, eu não faço idéia de em qual série ela iria entrar.

   Depois de um tempo, elas foram embora, deixando eu e Anna sozinhas até 12:20. Eu queria até poder ir embora mais cedo, mas como eu ia de transporte, não tinha como. Anna ia embora com os pais, mas como o irmão mais velho dela saía todo dia 12:20, todo dia ela ficaria até esse horário.

   Meu transporte chega, eu me despeço da Anna e vou até o ônibus. Me sento no 4° banco da fileira de trás do motorista. Eu raramente sento no fundão, esse é o máximo que eu sento. 

   No "fundão" é onde ficam os mais velhos, e não que eu tenha vergonha, eles já tentaram socializar comigo várias vezes, mas eu não facilito... Então, eu não sento lá simplesmente para evitar conversas.

    Estava colocando meus fones, quando um garoto vem do meu lado e pergunta:

   -Posso sentar com você?

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Pequeno spoiler:
É aí que o nosso problema
Começa.

  

  

Um Ano Diferente [2017]Onde histórias criam vida. Descubra agora