Um Ano Diferente [2017]

•Eu posso mesmo confiar em você?

[08/11/2017]

11:56

Na escola...

Esperando meu transporte.

    Enquanto eu aguardava meu transporte chegar, lembrei do quanto minha vida é uma merda: minha melhor amiga se mudou novamente, o cara que eu amo já tá namorando novamente, minhas melhores amigas vivem brigando... cara, não tá dando.

   Estava sentada perto de onde ficava a educação infantil, como sempre. Era o meu cantinho na hora da saída. Aninha estava sentada em um banco do lado da secretaria... eu tinha uma boa visão dela. Agradeço pela Marriene ter visto as gravações das câmeras e visto que Enyly era uma puta de uma mentirosa, muito obrigada por tudo ter sido resolvido antes de Julia ir embora de vez.

   Sinto alguém vindo em minha direção, mas eu estava tão distraída com minha música que nem me virei para ver quem era. Até que a pessoa se abaixa e berra no meu ouvido.

   -OOOOEEEEEEEEEEE!

   Olho para o ser humano retardado e o cabelo chama a atenção, era Vinicius.

   -Não me precisa me deixar surda, desgraça. -Falo e depois de uns segundos de puro silêncio, ele pergunta.

   -O que houve?

   -Como assim?

   -Você. Tá estranha, o que aconteceu?

   -Nada... -Digo mas ele faz aquela carinha de "Conta logo, por favor..." -É que a Madsen se mudou de novo, e as meninas andam brigando, muito.

   -É, tô sabendo. Percebi a Aninha se afastar de vocês e voltar a falar mais conosco.

   -Pois é...

   -Mas, o que aconteceu de verdade?

   -É uma história longa, quer mesmo ouvir?

   -Eu tenho tempo.

   -Então vamos lá. -Respiro fundo e começo a falar. -Toda essa merda começou quando Julia foi pra Itália e Stephany entrou no grupo. Sabe, no começo só com nós quatro, era muito mais fácil. Num grupo de cinco é tudo mais complicado, em vários casos uma sempre é excluida e isso pega mal pras amizades mais antigas. Eu não culpo a Stephany nem quero que ela comece a andar com outras pessoas, ela virou uma das minhas melhores amigas e eu amo muito ela, assim como as outras, só digo que isso tá ficando difícil de enfrentar. E ainda com a possessividade da Giovanna sobre todas nós e principalmente Julia, tudo bem, eu também era muito possessiva com Julia por causa da Enyly, mas ela não presta. -Ele dá uma risadinha. -Fora Anna com todo esse negócio que eu tô sinceramente achando drama. Ela fala que tem muitos motivos pra vida dela ser uma merda, mas me fala um motivo? Um motivo apenas? Pois é, ela não tem. A vida dela é boa cara, ela tem um namorado que se importa pra cacete com ela, amigos e amigas, não só a gente como o pessoal da igreja dela, uma puta condição de vida, pais que apoiam ela e dão tudo pra ela! Ela não tem motivos pra reclamar, poxa vida... E eu tô muito dividida, não sei o que fazer.

   -É... -Ele olha pra onde ela estava e fala. -Vou chamar ela aqui pra vocês resolverem isso.

   -Não! Deixa isso quieto, por favor. A gente se resolve depois, meu grupo é aquele que não consegue ficar mal por muito tempo.

   -Com meus amigos é assim também. O Tavares e Murphy não gostam muito do Caio Correia, eles discutem as vezes, mas a gente se ajeita. Eu fico um pouco com eles, outra hora com o Caio...

   -Sério? -Pergunto e ele concorda rindo. -O problema é que seus amigos não são possessivos iguais as minhas.

   -Pois é.

   -Sabe, é difícil ter amigas meninas, mas é muito bom também. Amigos meninos são bem mais fáceis de lidar.

   -Isso é verdade mesmo. -Fala rindo e deita a cabeça no meu colo, como sempre fazia.

   -Essa merda toda ainda vai acabar né?

   -Vai sim, sempre acaba. Sempre passa.

(...)