•Um ficante

31 12 2
                                    

[13/02/2017]

07:40

Aula de matemática

   No começo da aula, nós já tinhamos recebido nossos horários e a nossa carteirinha. Lembram? Não, vocês não se lembram. A carteirinha, que nós passamos na catraca para entrar na escola. Agora vocês se lembram né?

   Tudo ia bem na escola, e bom, no transporte as coisas ficavam mais quentes...

Flashback on:

[10/02/2017]

12:35

No transporte.

   Eu estava sentada com o Rodrigo, como em todos os dias daquela semana, e ouvindo música com ele, quando ele me chama.

   —Ei. Olha esse vídeo. —Ele me passa o celular e vejo um vídeo (Gente, eu infelizmente não me lembro sobre o que era o vídeo, porque já faz alguns meses então eu não me lembro, mas isso não afeta nada. O importante é que ele mostrou um vídeo de alguma coisa).

   Eu só conseguia sorrir, como todas as coisas que ele me mostrava, não sabia o que falar. Estava focada no vídeo quando ele vira seu rosto para o meu e tenta... Me beijar.

   —Ei! —Falo baixo e viro meu rosto para o lado da janela, e depois olhando para ele.

   —Ah... Desculpe. —Ele diz.

   —Não tem problema, eu acho. —Devolvo o celular para ele, e continuo ouvindo a música. Deito minha cabeça na janela, e pelo canto do olho vejo que ele estava me olhando. Fecho os olhos e espero chegarmos na minha casa.

(...)

   Abro os olhos quando sinto o onibus virando em uma rua. Era a minha. Eu ainda estava ouvindo música com o Rodrigo, na qual estava com a cabeça encostada no banco.

   Tiro os fones com cuidado, acho que ele está dormindo...

              Ah... Não.

   De repente ele abre os olhos e dá um sorriso amarelo, com uma cara de meio arrependido pelo que tinha feito na viagem.

   —Ei, me passa seu número?

   —Pra quê? —Tento dar uma de difícil.

   —Pra gente conversar. —Ele dá de ombros.

   —Hm... —Faço uma cara de pensativa. —Vou pensar no seu caso.

   —Ah... —Saio do banco antes que ele consiga protestar.

   —Tchau Lena! —O motorista fala.

   —Tchau tio! —Dou um sorriso e desço. Entro em casa, com um sorriso da porra na cara e dou um grito.

   —AAAAAAAAAAAAA! —Olho em volta para ver se não tinha ninguém no quintal. —Ele tentou me beijar Deus...

   Entro em casa e encontro com minha avó na cozinha.

   —Oi Nena. —Ela fala. Nena é meu apelido.

   —Tá... Claro! Tá tudo ótimo!

   —Então tá... —Fala desconfiada e continua fazendo sei lá o que no fogão.

   —Não vou almoçar... Vou pro meu quarto... Aah, até depois.

   Corro até meu quarto, me jogo na cama e penso:

   -Como vou contar isso para as meninas?

Flashback off:

   Enquanto essas lembranças correm na minha cabeça e deixam enormes perguntas, Julio estava passando deveres no quadro que eu nem tinha começado a copiar.

   —Melhor você começar a copiar. —Giovanna fala virando para trás e olhando para o meu caderno, e para a minha cara de cu. —Você não vai bem em matemática, é melhor se preparar para a prova.

   —Eu sei... —Ela tinha razão, eu não era boa em matemática mesmo, mas ao mesmo tempo que eu pensava "Número 1: Simplifique as frações" eu também pensava "Como vou falar isso pra elas?"

  
Duas aulas depois

No intervalo

   As meninas tinham ido comprar o lanche delas, menos Giovanna. Eu olhava para ela de vez em quando pensando em qual seria sua reação:

   "-VOCÊ TÁ LOUCA?"

   "-MAS ELE É DO 9°ANO!"

   "-ELE É MUITO MAIS VELHO QUE VOCÊ!"

   "-PUTA MERDA HELENA."

   Eu tinha duas opções: Ou contava para as três juntas e acabava logo com isso, ou contava primeiro para Giovanna e depois para as outras.

   —Giovanna... —Começo me virando para ela, mas aí as outras meninas chegam.

   —Que foi? —Ela pergunta, fazendo uma cara confusa.

   —Ah... Melhor falar pra todas vocês juntas logo. Vocês conhecem o Rodrigo? Do meu transporte?

   —Sim. —Anna e Giovanna respondem.

   —Eu não. —Julia fala enquanto morde o seu salgado.

   —Não se lembra dele?

   —Espera. —Ela fala, parecendo se lembrar de alguma coisa.—Ele é aquele moreno alto?

   -Ele não é muito alto não... -Digo.

   -Acho que sei quem é, mas o que tem ele?

   -Bom... Ele tentou me beijar.

   Falo e a expressão muda de "Só um garoto do 9° ano" para "UM GAROTO DO 9° ANO TENTOU TE BEIJAR MEU DEUS"

   -E ele conseguiu?! -Giovanna pergunta.

   -Não... Quase. Eu consegui virar meu rosto a tempo.

   -Meu Deus. -Anna diz.

   -Como isso aconteceu? -Julia pergunta. Explico tudo para elas que no final fazem uma cara de espanto.

Um Ano Diferente [2017]Onde histórias criam vida. Descubra agora