Nove

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Dia 19 de agosto. Hoje fazia anos.
Se tenho planos, nem por isso, acho que vou só tomar café com o Felipe, com o Miguel e com a Vânia, uma rapariga que trabalha lá no bar. Aproveito para estar também com alguns amigos de Vila do Conde a Nádia e o Tiago que vieram passar alguns dias comigo.
Desde o dia em que me mudei para casa do Miguel nunca mais falei com o Pedro nem com a Lia.
Tentei chamadas, tentei mensagens mas nenhum dos dois me quis responder. Sinceramente não sabia o que tinha feito mas não me poderia admirar muito, claro que um rapaz como o Pedro não teria tempo para raparigas inseguras como eu e preferiu largar-me e partir para outra. Sim, porque eu já o vi com outra rapariga. Custou-me, não estou aqui para enganar ninguém, criei uma ligação muito grande com o Pedro. Pensei que era um nó forte que demoraria muito a desatar, ou talvez não se desatasse de todo. Se tenho saudades? Tenho.
Já pensei em voltar para Vila do Conte muitas vezes mas graças à Vânia, ao Miguel e ao Felipe vou-me esquecendo disso aos poucos.
Como hoje faço anos pedi ao Tiago e à Nádia para virem cá passar o dia, são os únicos com quem falo depois de ter deixado a minha Terra Natal.
Eram agora 14:00 da tarde e estava à espera de Nádia.
-Nádia, tu já vieste ao Porto milhares de vezes, claro que sabes onde é o café! – Eu ralhei com a Nádia.
-Ah, espera já te estou a ver.
Estava agora com o Tiago à espera que todos chegassem.
- Ai que saudades! – Eu abracei a minha melhor amiga.
- Eu não acredito que estou aqui contigo. Parabéns já agora.
-Calma girls, só passaram 9 dias desde que a Noa foi embora. – Tiago pronunciou-se.
-Cala-te Tiago. – Nádia bateu-lhe no ombro.
-Ele está todo excitado porque eu disse-lhe que hoje ia conhecer um rapaz todo giro. – Eu gargalhei e ele corou.
- Não me digas que é hoje que vais sair do grupo dos encalhados? – Nádia provocou-o.
-Olha Nádia, vai-te foder!
-Que saudades eu tinha de estarmos assim só nós os três. – Disse a minha melhor amiga.
-Agora por falar em grupo dos encalhados, e tu Nádia? Como estás as coisas com o Diogo?
- Oh Noa, nem sabes. – Ela excitou-se. – Beijámo-nos.
-Que bom, estou tão feliz!
-E tu? Já sei que não estás no grupo dos encalhados. – Tiago olhou para mim.
-Pensava que não estava. Ele não me responde às mensagens há 5 dias. – Suspirei. – Mas quero que ele se dane, estou solteira e agora faço o que eu quiser.
-Mas porque deixaram de falar?
-Eu não sei Nádia, ele contou-me algumas coisas do seu passado e se calhar tem vergonha, e com o aglutinar das coisas deixamos de nos falar.
Senti alguém a tocar-me no braço, era o Felipe.
-Parabéns sonsa. – Ele abraçou-me.
-Obrigada Felipe. O Miguel? Ele não vinha contigo? – Perguntei curiosa.
-Ele disse que já vinha.
-Não interessa. Bem Felipe este é o Tiago e a Nádia, Tiago e Nádia este é o Felipe – Introduzi-os.
Passaram 5, 10,15 minutos e o Miguel nunca mais vinha. A única que tinha chegado neste espaço de tempo era a Vânia. Sinceramente tinha vontade de chorar, no dia em que eu esperava que estivessem as pessoas mais importantes, elas não estão. Deixei escapar uma lágrima, limpei-a logo de seguida para ninguém dar conta.
-Comporta-te. – Disse Vânia. – Mesmo quando nos sentimos uma merda, mostramos sempre o contrário. Custa menos para nós, e mais para os inimigos. – Sussurrou.
Estava a fazer um grande esforço para me controlar, as lágrimas queriam sair uma por uma.
- Desculpa o atraso. – Miguel olhou para mim e abraçou-me. – Parabéns.
- Pensava que te tinhas esquecido de mim. – Solucei e continuei agarrada a ele.
-Nunca te iria deixar pendurada no teu dia. És demasiado importante para mim. Noa conhecemo-nos há tão pouco tempo mas eu já não vivia sem ti. – Ele limpou-me uma lágrima. – Olha quem eu trouxe.
Desviei o meu olhar para o lado e vi Lia e Pedro.
-Parabéns. – Lia abraçou-se a mim a chorar. – Tenho tanto para falar contigo.
-Parabéns Noa. – Foi a vez de Pedro falar.
-Obrigada. – Dei-lhe um sorriso falso. Pedro agarrou-me no braço e beijou-me, um beijo prolongado. Um beijo cheio de sentimento, saudade principalmente.
-Temos de falar. – Ele sorriu e eu permaneci calada. Não me tinha esquecido do que ele me tinha feito.
Sentei-me junto da Nádia e esta sussurrou-me:
-Tens a certeza que ainda fazes parte do grupo dos encalhados?
-Cala-te. – Belisquei-a.
-Noa, trouxe-te um presente. – Miguel falou do outro lado da mesa. – Estou a brincar, só te dou logo à noite, vamos todos jantar.
-Não sei se estou com vontade. – Torci o nariz.
-Ai isso é que estás! Só se faz 18 anos uma vez Noa. – Lia encorajou-me.
-Está bem. – Aprovei. – Obrigada a todos por virem, sabem o quanto difícil foi dar este grande passo mas graças a vocês eu consegui concretizá-lo. Obrigada por fazerem parte da minha vida. – Discursei.
-Não eras tão lamechas quando deixas-te Vila do Conde. – Tiago brincou. Todos gargalhámos.
-Ó Tiaguinho, também gosto muito de ti.
-Oh Noa, olha o Pedro que fica com ciúmes. – Foi a vez de Felipe falar.
Lancei-lhe um olhar de morte assim como o Pedro, ambos estávamos corados como era de esperar. Tínhamos muito que falar.

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