Capítulo 7

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A adrenalina apenas ajudava com que o cheiro de ambos os híbridos se misturassem dentro do carro. Não era uma hora perfeita para perder o juízo de seus instintos, por isso Jun Myeon abriu todas as janelas do carro enquanto dirigia para um bairro distante da Easton.

O delta olhava para a paisagem com admiração, nunca havia saído da cápsula de observação que se encontrava em um pequeno laboratório secreto. Sendo assim parecia estar sonhando com um mundo mágico com o seu salvador. Mesmo que quisesse olhar para o sol nascer entre nuvens sob os prédios de concreto, algo ainda lhe perturbava a cabeça. O cheiro de sangue.

O alfa dirigia ignorando a dor que sentia em suas mãos, que foram cortadas anteriormente ao abrir a passagem no vidro da cápsula. O outro hibrido ficava se perguntando do porquê aquele alfa estar colocando-o em primeiro lugar, ao invés de salvar á si próprio.

Quando o carro parou diante de um bairro silencioso e frio, o delta voltou á olhar para Jun Myeon. Cenho cerrado e as mãos apertadas ao volante, sinal de que estava pensando em algo. Ficaram dentro do carro estacionado por alguns minutos, embarcados naquele silêncio intenso. Soltando um suspiro pesado, o alfa retirou as mãos do volante, sentindo a ardência em suas palmas.

O delta segurou a mão do alfa e as cheirou, e agindo de acordo com o seu instinto, passou a lamber da ferida fazendo cócegas em Jun Myeon. O próprio suavizara suas expressões, passando a sorrir para o rapaz. Somente então reparou que o mesmo estava com a pele arrepiada, ainda nu diante de uma janela aberta em uma cidade friorenta.

Jun Myeon passou a olhar em volta da rua em que se encontravam, já havia vivido ali alguns anos de sua vida, quando não tinha para onde ir. Sabia que mais em frente haveria um motel, que não precisaria pagar pela estadia. Antigamente, o alfa se quer tinha dinheiro para se sustentar, além de ser uma criança que poderia mexer com as emoções dos adultos. Agora era um jovem adulto, e não teria desculpas para pegar um quarto sem pagar, ainda mais estando acompanhado.

Voltando sua atenção ao delta que já havia parado de lamber sua mão, o mesmo apenas agradecera em baixo tom, um pouco envergonhado pelo ato que o rapaz havia feito em si. Ligou o carro e voltou a seguir as ruas até o dito motel. Ficava algumas quadras abaixo de onde estavam, era o lugar onde poderiam se esconder quanto tempo precisassem, afinal o bairro era deserto e mal habitado. Ninguém ousaria ir ali em sã consciência.

Por isso era perfeito para se esconder.

O prédio do motel era malcuidado, uma cor bege com paredes descascando, janelas fechadas e sujas. Havia apenas um pequeno portão que dava acesso ao estacionamento subterrâneo. Estacionou o carro dentro da garagem do motel, virou-se para o banco traseiro pegando de sua mochila e retirando a muda de roupa que havia separado antes de invadir a Easton. Entregou-as para o delta e sorriu ligeiramente.

- Vista-as antes que fique doente. Enquanto isso vou pegar um quarto para nós.

Não esperou por uma resposta, apenas saiu do carro e seguiu pela rampa que dava para a entrada do motel. O local estava deserto, e se mantinha igual á suas lembranças. As paredes forradas com um tecido semelhante ao veludo vermelho, pareciam estar desbotando ainda mais com o passar do tempo, assim como o balcão. As prateleiras que deveria guardar as chaves, estava vazia e desprendida da parede, parecendo cair á qualquer instante. Folhas de caderno com nome de antigos hóspedes estavam espalhados no balcão, não haveria ninguém fazia quatro anos.

Pulando a madeira alta e marrom, o alfa tentou alcançar a única chave que haveria ali. Sem se preocupar em marcar o seu nome, ou de procurar alguém que tomasse conta do local, apenas voltou ao estacionamento para buscar o delta e suas coisas.

O Garoto DeltaOnde histórias criam vida. Descubra agora