Capítulo 4

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Havia se passado quatro dias desde que o processo de descongelamento dera início. Antes desses dias se passarem, as drogas foram injetadas nos tubos da cápsula, que estaria ligada com o corpo. O sistema imunológico do delta voltou a trabalhar e os registros do cérebro começaram a ser anotados nos computadores. Os aquecedores foram desligados no início do quarto dia, quando Doutor Oh fora limpar o vidro.

Olhou o corpo e sorria como se assistisse o nascimento de seu filho. Abrindo a cápsula com extremo cuidado, e com certa força por conta da tampa grossa de titânio, o pesquisador observou o corpo voltar á temperatura ambiente.

Com certo custo, colocou o corpo desacordado dentro da outra cápsula, era de vidro e serviria para fazer alguns exames necessários. Ajeitou algumas agulhas em sua pele e logo fechava a capsula, seguindo em direção do computador iniciando os tais exames.

Enquanto isso na ala 300, Jun Myeon havia recebido um pedido de uma enfermeira para criar um remédio para um paciente, sendo assim o alfa estava observando os compostos através de um microscópio, utilizando de uma pinça fina para realizar a mistura pedida. Sua concentração era intensa não ouvindo o barulho do scanner e a porta se abrir, mostrando a figura do diretor entrar.

O homem parecia ter envelhecido durante aqueles dias, ele andava silenciosamente enquanto olhava as prateleiras cheias de vidros fechados. Assim que observou o alfa ainda olhar o microscópio, sorria largo diante do foco de atenção de seu novo empregado. Ganhou a atenção de Jun Myeon somente após pigarrear alto, que se ajeitou na cadeira e retirou os óculos de proteção para poder enxergar melhor.

- Ah senhor diretor, não o ouvi entrar.

- Espero não estar te atrapalhando meu jovem – O homem se aproximava da mesa, e apontou para o microscópio – Muita coisa, não?

- Não senhor, fico contente em contribuir com alguma coisa.

- Esse é o espirito que procuramos em nossos empregados.

Jun Myeon observava aquele homem lhe sorrir tão falsamente, porém estava calmo e se quer seu próprio cheiro parecia denunciar o seu estado. Guardar um segredo diante do inimigo era algo difícil de se fazer. O homem apenas olhava em sua volta e conversava com o alfa sobre alguns assuntos médicos, que na opinião de Jun Myeon, se quer seriam interessantes. Parecia querer disfarçar alguma coisa.

O alfa apenas respondia coisas curtas, até por não saber conversar sobre tais assuntos. Enquanto ouvia o diretor tagarelar sobre os empregados e os pacientes, Jun Myeon encostou-se na cadeira sem saber se deveria voltar ao seu trabalho ou continuar a dar atenção ao homem. Entretanto sua dúvida fora sana com a chegada do doutor Oh.

No instante que o pesquisador entrou no laboratório o silêncio reinou, e uma atmosfera intensa se apropriou do ambiente. Jun Myeon cruzou os braços se divertindo com aquele pequeno sinal de desentendimento, esperando os próximos passos.

- Senhor diretor, há algo que possamos fazer pelo senhor?

- Vim apenas ver se o nosso novo funcionário está se saindo bem.

Doutor Oh direcionou o olhar frio para Jun Myeon, que encolhera os ombros e passou a observar a janela. Mesmo que o pesquisador fosse uma boa pessoa, o alfa temia vê-lo irritado. Um suspiro foi dado pelo rapaz de cabelos platinados, ignorando totalmente a presença do diretor.

Imaginando que aquilo poderia recair sobre si futuramente, o alfa voltou a olhar o microscópio e misturou os componentes. Enquanto isso o diretor fazia perguntas á doutor Oh, perguntas sobre alguns medicamentos novos para os pacientes. Estava claro na fisionomia do pesquisador, que aquele questionamento todo lhe era suspeito e por isso suas respostas foram dadas como iscas, para pescar alguma evidência do diretor estar à procura de sua prótese de delta.

O Garoto DeltaOnde histórias criam vida. Descubra agora