A DOR

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RESQUÍCIOS

16 de fevereiro de 2017 e mais uma vez, o mundo não acabou!

No meu antigo livro de cabeceira (que hoje fica numa gaveta empoeirada),

existe uma página que descreve minha aflição pelo ano de 2017.

Na minha ânsia pra findar com urgência breves sofrimentos,

desejava não sobreviver até essa data.

Queria pousar meus ombros sobre uma estrela qualquer,

ainda com meus fiéis 27 verões.

Porém, agora, resta a mim,

pouco mais de 2 meses pra que talvez isso tudo se dissolva.

E que bom!

Porque 2017 chegou e mudou minha trajetória.

Tava pensando numa palavra que alguém vive dizendo pra mim: "resquícios".

E então fui dissertar sobre isso em um novo livro,

que desta vez tá cheio de páginas em branco.

Pensei primeiro nos antigos amigos.

Que ainda que antigos deixaram resquícios em mim.

Que sofrem com seus próprios resquícios.

Que sonham em retomar resquícios, que um dia gostaram de sentir.

Ai pensei também, nos resquícios traumáticos que me fizeram desejar urgências fatais.

Que me fizeram cortar emoções, morder arames e cuspir os próprios dentes.

Os resquícios que causei. Que deixei por aí.

Como as pessoas lidam com os resquícios de mim?

Penso na importância de pensar sobre tudo isso.

Sobre como os resquícios alheios chegam até mim.

Como me afetam e como diante disso tudo, devo agir.

Como tomar partido do que é meu.

E como deixar os resquícios dos outros partir por aí...

Em resumo, pensar é um exercício que me leva a escrever,

e depositar em palavras o que geralmente não sei dizer num diálogo,

numa composição de duas ou mais.

Talvez, porque pensar sobre resquícios seja um exercício que se faça solitariamente.

Pra que cada um tome ciência dos seus.

Pra que cada um compreenda de maneira interna o que atinge externamente o seu próprio Eu.

16 de fevereiro de 2017 e mais uma vez, o mundo não acabou!

Elas por ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora