A SOLIDÃO

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MATARAM-ME, MAS, ESQUECERAM DOS MEUS PAIS

Primeiro desfiaram minha pele, como um estripador separa os fragmentos entre os dedos.

Depois mastigaram meu coração lentamente, pra que pudessem sentir a pulsação enquanto bombeava. Facilitando o esguicho de sangue pela parede.

O meu cérebro foi dilacerado, no intuito doentio de que lhe tirasse qualquer resquício de indignação.

O fígado, os rins e o saco estomacal foram arrancados, e assim se fez uma sopa suculenta de órgãos que se misturavam entre o resto da má digestão.

Os intestinos sabiamente foram jogados fora!

O restante do corpo foi queimado, com exceção dos olhos e da língua, que foram arrancados em nome do sacrifício.

Uma cena criminosa que deixaria qualquer um enlouquecido, fez nascer uma questão: 

por que mataram-me e esqueceram dos meus pais?

Elas por ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora