MATARAM-ME, MAS, ESQUECERAM DOS MEUS PAIS
Primeiro desfiaram minha pele, como um estripador separa os fragmentos entre os dedos.
Depois mastigaram meu coração lentamente, pra que pudessem sentir a pulsação enquanto bombeava. Facilitando o esguicho de sangue pela parede.
O meu cérebro foi dilacerado, no intuito doentio de que lhe tirasse qualquer resquício de indignação.
O fígado, os rins e o saco estomacal foram arrancados, e assim se fez uma sopa suculenta de órgãos que se misturavam entre o resto da má digestão.
Os intestinos sabiamente foram jogados fora!
O restante do corpo foi queimado, com exceção dos olhos e da língua, que foram arrancados em nome do sacrifício.
Uma cena criminosa que deixaria qualquer um enlouquecido, fez nascer uma questão:
por que mataram-me e esqueceram dos meus pais?
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Elas por Ela
PoesíaColetânea de pequenos contos e poesias. Diante de uma narrativa minimalista, que explora o cotidiano da mulher. A obra carrega em si inúmeras histórias reais. Um ponto de vista feminino sobre a realidade do Universo. Por, Kim Walachai