Escolhas

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 Uma pessoa conhecida me enviou e-mail semana passada, com várias pessoas no campo "para", e em tom de desabafo, dizia o quanto não tinha sido ouvida, o quanto não tinha recebido atenção nessa vida, o quanto se sente perseguida... E ao fim se despedia deixando entender que recorreria ao suicídio. Essa mesma pessoa já tinha feito o mesmo ano passado, sem ter cometido tal ato.

Quem me conhece sabe minha visão acerca de suicídio. Sou contra, tento ao máximo dar atenção a quem percebo que possa estar em uma situação muito ruim, que possa gerar esse tipo de pensamento, que compreendo ser fruto apenas de desespero. A dificuldade de enxergar a luz lá na frente, a impossibilidade de acreditar na próxima curva da estrada...

Mas existe uma enorme diferença entre quem realmente tem um problema que cria essa "cegueira momentânea" e aquele que usa o "suicídio" como ameaça, as palavras como forma de conseguir uma atenção quase que exclusiva. E esse é o caso da pessoa conhecida.

Ela conseguiu minha atenção, ainda mais que hoje enviou mais um e-mail, ou seja, não se matou e continua usando isso. Só que além de conseguir minha atenção ela também conseguiu acabar com minha paciência quanto a isso. Se tem uma coisa nessa vida que eu acredito - e isso deixei claro no reply que dei - é que atenção nós conquistamos, com boas ações, com franqueza, com verdade.

Quando conseguimos atenção das pessoas pelo simples fato de sermos um problema ambulante, essa atenção vai acabar. É que problemas tendem a acabar, somos criados, educados e caminhamos para superar. Superar limites e problemas, seja do tamanho que forem. Quando simplesmente escolhemos por não superar, essa atenção não pode mais ser exclusiva, pois todos na vida temos problemas.

Fazemos escolhas todos os dias. Qual sapato usar, qual rua seguir, o que comer, o que falar, viver ou morrer. Eu escolho viver todos os dias, matando ou não leões. Se alguém escolhe morrer, eu posso não concordar, mas também não posso fazer mais que respeitar. A vida não é minha. Quando é a minha, eu sei cuidar.  

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