Parar o Hilbert?

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O Rodrigo Hilbert, marido da Fernanda Lima - e ele não se importa de ser reconhecido assim. - pai, modelo, ator, apresentador, cozinheiro, marceneiro, pedreiro, pintor, padeiro, caçador, mestre em tricô/crochet... Resumindo, homão da p%¨¨&, recebeu uma carta, em 2017, de um sujeito reclamando, sinteticamente, que ele dificulta a vida dos homens, elevando muito as expectativas femininas.

Pois é. A masculinidade é realmente frágil. Vive em uma redoma de vidro. É lapidada, em um fino cristal. Só isso explica o quanto ela sofre, o quanto ela é ameaçada por um, digamos, belo barrado de crochet em um pano de copa.

Os machos reclamaram, pedindo um "pare o Hilbert" em caps nas redes sociais, porque a concorrência fica desleal. Realmente, é bem difícil ser comparado, quando não se arreda a bunda do sofá, esperando tudo de mão beijada. Ou quando se assume, com base em alguma lei ainda não escrita, que é somente da mulher funções como cuidar da casa, das crianças, da comida e das roupas.

A verdade é que o Rodrigo não afeta as expectativas femininas. Muito menos define uma régua de corte. Mas ele traz a opção de evoluir aos homens. O incômodo que ele gera está no fato de muitos machos quererem permanecer sendo o mínimo, quando poderiam tentar o máximo, aquele que as mulheres já tentam manter dia-a-dia, por obrigação e cobrança de toda a sociedade.

Não há concorrência desleal. O Hilbert alcançou um patamar, mas guardadas devidas proporções, qualquer homem pode ser o "homão da p%&&*" de uma mulher. Basta entender que essa mulher é um ser humano igual a ele. Com vontades. Com objetivos. Com momentos de energia baixa. Com defeitos e qualidades.

O homão da p%&&* é aquele que entende isso. Que, se não sabe cozinhar, ainda assim acompanha sua parceira na cozinha, seja servindo-lhe um vinho enquanto prepara a refeição, seja assumindo as louças à lavar, ajudando na preparação, com os cortes dos temperos etc. É tornar aquele momento rotineiro, às vezes exaustivo, em mais um momento de prazer, momento para conversar... E se a parceira não quiser ajuda na cozinha? O homão entende e vai para a copa, arruma a mesa, coloca os pratos... Mas mostra à ela que os dois tem o mesmo peso na casa.

Esse homão sabe suas responsabilidades como pai. Ele não precisa ser um arquiteto, capaz de levantar uma mini mansão no jardim, só para os filhos brincarem. Ele pode pegar as crianças e levá-las ao parque, deixando claro para a mãe que aquele será o momento dela, para ir ao salão, dormir ou fazer o que bem entender. E ela vai gostar e não vai pilhar, porque saberá que esse homem está realmente comprometido com aquela missão, sem fazer os filhos correrem riscos.

Ele também acorda nas madrugadas, para ministrar os xaropes, dá banho, troca fraldas, ajuda nos deveres de casa. Esse homem não acha que suas obrigações acabam com o comprovante de pagamento dos boletos.

Esse homem também se preocupa com o prazer de sua parceira. Procura novidades, sabe massagear, tenta dançar e se interessa pelos desejos de sua parceira. Se esforça... E isso não afeta a sua masculinidade, porque ele já aprendeu que ela não é frágil. Que tem que ser muito homem para fazer tudo isso e aguentar as gracinhas dos amigos. Tem que ser muito homem para mostrar à uma mulher, que ainda carrega pensamentos machistas, que suas atitudes não o fazem menos homem.

Esse homão pode ter uma mulher, namorada, filha, mãe, parceira, noiva, companheira, namorado, homem, marido... Não importa... Quem estará do seu lado terá tanta importância quanto ele e terá os mesmos privilégios.

O homão da p%&&* sabe que Hilbert não é um perigo, é um exemplo.

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