2.3 • Aaron

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— Eu estava farta de tudo, das meninas me humilhando, de ser gorda, de não ter amigos, de ser tão invisível

— Você me tinha, eu sempre estive lá. Não era o suficiente?

— Eu queria mais, eu queria saber como era ser como eles. - Solto uma risada e olho para o teto - Você tem todo o direito de me odiar, eu vacilei muito com você. Fui totalmente estúpida, egoísta eu fui uma filha da puta.

— É Loren, você foi tudo isso e muito mais!

Ela se levanta do chão e vai até a pia, faz um coque em seu cabelo e molha o rosto que está vermelho e inchado por conta das lágrimas.

— O que é isso na sua nuca? - Analiso aquela marca mais uma vez

— Deve ser um chupão - Ela responde rapido e se senta do meu lado novamente

— Não é um chupão, não chega nem perto. - Me viro para poder observar a garota melhor

— Eu bati na banheira?

— Bateu?

— É, eu bati - Ela solta o cabelo

— Me conta o quê realmente aconteceu - Ela se encolhe e abraça suas pernas

— Eu não posso, eu não consigo - os olhos azuis da loira se enchem de lágrimas mais uma vez

— Loren, me conta, pode ser melhor, eu posso tentar te ajudar. - Puxo a loira para o meu colo e limpo suas lágrimas - Tudo bem, vai ficar tudo bem.

Loren encosta sua cabeça em meu ombro e eu abraço a cintura da mesma.
Ficamos em silêncio por um tempo apenas apreciando aquele momento que parecia que não era real.

— Meu padastro.

— O quê?

— A marca foi meu padastro, as outras que você viu naquele dia do Kian também foi ele.

— Ele te bate? Ele abusa de você? - Pergunto preocupado, Hobert parecia ser uma boa pessoa

— Não - Ela solta uma risada sem humor - Ele me vende, Aaron.

— Te vende?

— Quando eu emagreci e fiquei com um corpo bonito, os amigos que Hobert levava para beber começaram a me assediar, não passava de frases totalmente abusivas, quando comecei a levar os meninos para casa, Hobert percebeu que eu não era mais virgem, então fez uma aposta com um de seus amigos, se o time dele ganhasse seu amigo iria pagar um mês de bebidas, mas se o seu time perdesse, o cara podia tentar ter uma noite comigo - Ela faz uma pausa

— Ele perdeu a aposta? - Pergunto com receio

— Eu estava no meu quarto, assistindo filme, quando Brayan, o amigo dele, entrou no quarto. Ele trancou a porta e se sentou na cama, eu tentei, eu lutei com ele, mas ele era dez vezes mais forte que eu, ele me bateu, até eu ficar fraca o suficiente para não atrapalhar ele, e então ele conseguiu o que ele queria. Isso foi se repetindo, Brayan pagava para Hobert, como se eu fosse uma prostituta. Sempre violento, me machucando, me batendo.

— E a sua mãe? Seus avós?

— Minha mãe quis matar Hobert, mas ele ameaçou ela, depois de um tempo ele se sentiu arrependido por tudo, pediu perdão de joelhos pra gente, eu perdoei, apesar de tudo, eu perdoei ele. Ele só fazia merda bebado, ele tentou parar Brayan, denunciou ele e tudo, mas não deu em nada, quando ele foi embora, ele prometeu que ia me trazer de volta. Meus avós se mudaram para Toronto.

— Eu sinto muito loirinha - Limpo as lágrimas dela - E o cara ainda fica atrás de você?

— Sexta feira na madrugada foi a última vez, eu tava sozinha e ele invadiu a casa, eu peguei a faca e tentei matar ele. Ele pegou a faca e veio para cima de mim.

Percebi que ela estava desesperada, e me abraçava fortemente como se pedisse ajuda.

— Calma Loira, olha aqui pra mim - Ela olhou no fundo dos meu olhos - Eu vou te ajudar, você vai sair dessa! Eu estou aqui com você.

— Não conta pra ninguém Aaron, pelo amor de Deus.

— Posso fazer uma última pergunta sobre isso? - Ela balança a cabeça afirmando que sim - Ninguém nunca falou das marcas?

— Todos acharam que fosse marcas de uma transa estilo 50 tons de cinza. - Ela se levanta do meu colo

Me levanto do chão e abraço a garota.

— Vai ficar tudo bem - Dou um beijo no topo da sua cabeça

— Eu te amo.

Ando até a porta do banheiro, pego a chave no meu bolso e destranco a mesma.

— Eu te amo muito mais.

Abro a porta do banheiro e saio do mesmo, aliviado por ter falado algumas coisas, mas totalmente preocupado com a minha garota.

Sweet Girl • Aaron Carpenter Onde histórias criam vida. Descubra agora