Ativando o Gatilho

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Quando reclamo que a vida é uma grandíssima filha de uma puta, não estou mentindo. Sou sacaneado por ela a todo tempo!
Quando criança fui abandonado à própria sorte por minha mãe. Não sei o que aconteceu, minha mente criou um bloqueio segundo os psicólogos,   como esquema de auto defesa ou algo do tipo. De três aos quinze anos fui mantido em um lar para adoção, mas nunca aceitei o fato de ter sido rejeitado não só por ela mas pelos casais que iam a procura de crianças para chamá-los de filhos.
Não que seja uma desculpa, mas a revolta me fez a cometer um série de besteiras, e acabei me envolvendo com pessoas perigosas. Cometi crimes aos quais não me orgulho em nada, mas em uma noite quando tinha completado dezoito anos, cheguei ao ponto onde ou  ficaria vivo ou o gangster a quem eu tinha uma dívida muito grande. Óbvio que optei por mim, mesmo que fosse uma vida de merda, ela era minha!
Foi aí que tudo mudou para mim, após uma discussão com O'Ridley o gangster poderoso a qual eu devia acabei o matando.

O desgraçado era tão cheio de si que não andava com seus capangas, ciente de que ninguém era capaz de acabar com ele. Me valendo desse artifício, mandei um recado por um de seus homens avisando que iria pagar a minha dívida, mas que só entregaria o dinheiro nas mãos dele. Após algum tempo de conversa ele partiu para cima de mim e assim que tive oportunidade golpeei com um canivete que havia escondido na minha roupa, mas mesmo depois de alguns ataques que deferi sobre ele o desgraçado ainda tinha forças e me derrubou e o canivete foi para longe de meu alcance, o que tinha mais próximo foram pedras. Sem demora consegui me livrar por um momento e o ataquei a pedradas da forma mas cruel que eu consegui.
Após passado o ataque de fúria percebi a besteira que havia cometido bateu em mim o desespero, o medo de ser apanhado por seus homens ou mesmo pela polícia, enfim eu estava em pânico. Após correr quatro quarteirões sem parar nem para respirar esbarrei em um homem e nem me dei ao trabalho de pedir desculpas e tentei correr novamente, pois estava completamente sujo com as manchas de sangue, mas fui impedido por esse cara. O nome dele era Josephus Mackenzie, disse que poderia me ajudar a fugir, que sabia que eu tinha acabado de matar O’Ridley mas que iria ficar tudo bem se eu colaborasse com ele. No começo é claro que eu relutei contra isso, mas foi inevitável, não tinha muitas saídas.

Ele me acolheu em seu apartamento e no dia seguinte me disse que fazia parte de um grupo de agente secreto do governo, onde eram designados para  matar pessoas como O'Ridley, livrando a sociedade dessas pessoas que só a denegridem, palavras dele. Me disse também que vinha me acompanhando a um bom tempo e sabia de todos os meus passos e que apartir daquele momento eu só teria duas opções na minha vida: ou aceitava o que ele tinha a me oferecer sem nem ao menos escutar a proposta, e que ela me manteria vivo, ou então recusá-la e ser morto no mesmo beco escuro e fétido em que havia me encontrado.

Optei pelo mais lógico, apesar de minha vida ser uma porra fodida total não queria morrer, não naquele momento e não naquele local. Me deu roupas limpas  e comida, e também me deixou dormir em um dos  quartos, mesmo que eu estivesse morrendo de medo dele, Josephus foi acolhedor mesmo com sua maneira rude.
Após ter aceitar o acordo e apresentado ao trabalho que era basicamente "limpar a rua" de pessoas indesejadas e perigosas, assim como o cara que eu havia matado na noite anterior. Ele disse que seria treinado, e capacitado para tal função, mas eu não queria matar mais ninguém, eu matei por ser uma questão de sobrevivência, ou era ele ou era a minha pessoa a estar morto nesse momento. Mas eu não tinha opção!
Fui treinado a matar e ocultar os corpos, me tornei um dos novos agentes e ganhei nova identidade, com o passar dos anos fui promovido para ser um dos que seleciona recrutas para serem novos agentes, fossem eles homens ou mulheres que não tinham mais nada a perder na vida.
Galguei minha "promoção" por assim dizer muito cedo. Aos vinte e um anos já estava iniciando esse tipo de trabalho burocrático, que era basicamente observar, me infiltrar para não ser uma figura suspeita, e por fim esperar a pessoa chegar ao limite de sua degradação, chegando ao ponto de tentar se matar ou matar alguém como eu tinha feito anos atrás.
Mas estou cansado psicologicamente e sem paciência alguma em meus trinta anos! Estou a mais de sete meses observando uma garota onde ela é diariamente espancada e violentada por seu pai. Em vários momentos me pergunto porque raios fui escolher uma garota tão fraca e sem reação quanto essa. Era melhor ter escolhido um homem como das outras vezes, teria sido bem mais prático. Mas havia alguma coisas nela,um diferencial, um potencial, uma coisa que não sei explicar. Quis acabar com o sofrimento dela em diversos momentos, quis matar aquele verme ao qual ela chama de pai, porque ele abusava dela todo santo dia. Mas eu não poderia, ela teria que dar um fim a isso sozinha. Quando estivesse realmente em seu próprio limite.
Mas quando menos esperei ela o fez!
Não acreditei no que meus olhos estavam vendo através de câmeras que eu mesmo instalei em sua casa. Ele chegou muito bêbado, e ela estava na cozinha fazendo comida com o pouco que tinha.  
O filho da puta chegou batendo nela e reclamando porque a comida ainda não estava pronta. E ela não respondeu, e continuou a cortar as verduras, e ele por sua vez como fazia sempre, começou a apalpá-la levantando sua blusa e segurando os seus seios de forma rude. Ela tentou se desvencilhar, mas ele era bem mais forte e ela não teria chance. Não sei ao certo o que mudou nesse dia mas ela não permitiu. Reagiu o empurrando​ para longe, e com todo ódio existente por anos de violência e abusos ela o atacou com a faca da cozinha, desferindo os primeiros golpes nos braços.

My Redemption Is YouOnde histórias criam vida. Descubra agora