First Resumption

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ECO. Tudo que o Oliver me falava fazia um eco enorme dentro de mim. Eu tentava acompanhar tudo o que ele estava me dizendo, absorver a cada palavra, a forma como ele descrevia. Agente secreta? Organização? Matar pessoas? Eu tinha entrado em um filme de sessão da tarde e não sabia?
Mas de uma coisa eu tinha certeza, ele não fez nenhuma piada e tudo aquilo era mais real e palpável do que eu poderia imaginar. As coisas que ele fez com o corpo do meu pai, como ele disse que deixou tudo limpo e sem vestígios meus. Nenhum vizinho sentiu minha falta, também pudera, ninguém nunca se importou comigo mesmo, isso não é de se admirar. Ele me queria como uma assassina profissional, mas eu nunca matei ninguém, aliás não tinha matado ninguém até o mês anterior, eu não saberia fazer isso é também não queria. - Mas isso que você está me pedindo é muito errado, é uma coisa desumana...tirar vidas, isso...isso - a voz e o pensamento chegam a faltar.
Não sei se ele suspira impaciente ou por hábito, sai da cadeira em que estava e senta proximo de mim na cama. - Garota me escuta, você vai ter que recomeçar e isso requer uma nova alma, aliás a falta de uma. Por mais culpa que você sinta Brianna, por mais errado que pareça, você tem que se sentir leve e livre, aquele cara foi uma fase ruim da sua vida, ele te matou apartir do momento que tocou em você pela primeira vez. - me olhou com um meio sorriso - Você agora pode se sentir livre das pendências, das rusgas de preocupação esperando aquele verme chegar em casa, se sentindo acuada com medo que ele te toque.
Menina, você agora está isenta das dores acumuladas durante anos, porque eu não vou te julgar ou condenar. Acredite ou não essa não vai ser a primeira vez ou será a última que vai matar uma pessoa. Ele não era inocente, ele cavou a cova dia após dia.
-suspira- A SOA vai te proporcionar uma nova perspectiva de vida, ela não é bonita, não faz distinção e não tem escrúpulos, e não tem piedade de ninguém, inclusive dos agentes. Um passo que eles considerem errado e você é eliminado.
E antes que você me pergunte, não há uma opção, não há um meio termo, ou você aceita ou é eliminada.
Eu passei sete meses te observando e sei que é uma pessoa forte. Só é preciso explorar essa força da forma correta, eu posso fazer isso por você se permitir. Enfim é isso que eu tenho pra te oferecer.
Amanhã logo cedo faça sua higiene pessoal que eu venho trocar seu curativo e dar suas medicações, aproveita esse tempo para pensar em tudo o que eu te falei, garanto que você não teria uma vida mais digna como a que estou te oferecendo sendo uma de nossas agentes. Até amanhã! - após dizer todas essas coisas se retirou do quarto levando com ele a louça do jantar e fechando a porta atrás de si.

Passei horas perdida em meus pensamentos e em tudo o que me disse. Eu queria impedir que outras meninas passassem pelo que eu passei durante anos, mas não queria matar mais ninguém para que esses abusos parecem. O problema é que se eu não aceitasse a proposta desse homem eu iria morrer também, acabei descobrindo que a morte não me agradava mais agora que não tinha o meu pai para infernizar e abusar de mim.
Não sei em que momento eu peguei no sono, mas despertei quando escutei meu nome ser chamado ao longe, abri os olhos devagar e me deparei com olhos azuis curiosos me fitando. - Olá Brianna, bom dia! Eu preciso que você levante e tome seu banho rápido para que eu cuide do seu ferimento. Recebi uma ligação da agência e tenho que estar lá em uma hora e não posso sair antes de cuidar de você.
Pensou sobre o que eu te falei? - enquanto ele falava ele abria as cortinas e tirava de dentro de uma cômoda um kit de higiene pessoal e roupas limpas e colocando sob mim, enquanto permaneci sentada observando ele se movimentar no quarto com agilidade apesar de ser bem alto. - GAROTA VOCÊ ESTÁ ME ESCUTANDO?  - seu tom era impaciente e zangado ao mesmo tempo. E a voz grossa revebrava no quarto como um trovão. Dei um sobressalto juntando as coisas que ele havia me entregado e respondendo logo em seguida - Sim... já estou indo, desculpe...eu...eu - tentava ordena as palavras mas era muito difícil com ele olhando para mim. - Vai, anda logo menina, meu tempo e minha paciência estão curtos hoje. - antes que pudesse filtrar meus pensamentos e minhas frustrações, eles passaram pela minha boca como um murmúrio mal humorado- E quando é que você tem paciência? - ele me fuzilou com o olhar - Bom, se eu não tivesse paciência você já não estaria mas aqui, muito menos sendo respondida, anda logo. Te espero lá embaixo pra fazer os curativos! - Tomei um banho quente e por mim ficaria horas debaixo daquele chuveiro, mas aí ele viria me buscar e acho que não seria nada legal.

Assim que desci a escada encontrei ele na sala com uma caixinha de curativos arrumando os materiais minuciosamente numa bandeja de forma rápida e enquanto ele fazia eu pensava numa forma de dizer que eu tinha pensado e resolvido aceitar ser uma espiã. Achei melhor do que usar o termo assassino secreto, porque afinal era isso que ele disse que eu me tornaria. - Ei, moço? - antes de eu continuasse ele me interrompeu para dizer o seu nome - Oliver, não moço. Meu nome é Oliver - olhei confusa, mas continuei - Então moç...Oliver, eu pensei sobre eu ser uma espiã, e como você não me deu nenhuma outra alternativa e vou fazer essa coisa toda aí que você disse. Mas não sei nada sobre isso. -  ele me olhou por alguns instantes, acho que absorvendo o que eu acabei de falar, logo depois deu um sorriso mostrando todos os dentes na boca. E caramba ele era bonito sorrindo! Devia fazer isso mais vezes ao invés de ficar com uma carranca toda vez que fala comigo. Se bem que eu não o culpo por isso, ele vem tendo trabalho comigo. - Que bom.que tomou a decisão certa Brianna. E quanto a não saber pode ficar tranquila, eu vou ensinar a você tudo que precisa saber antes de ir para o treinamento propriamente dito. Infelizmente agora eu tenho que sair, mas o café da manhã ainda está sob a mesa e se quiser leite ou suco tem na geladeira. E antes que você tenha a estúpida idéia de fugir lhe aviso logo e que só vai existir um meio de sair desse apartamento fora a porta é lógico. Enfim estamos no vigésimo nono andar caso queira sair pela janela, e a menos que tenha asas ou queira terminar essa fuga com a cara amassada no asfalto lá embaixo eu sugiro que fique bem quietinha por aqui mesmo. Mas na terceira porta a direita tenho uma biblioteca, sei que você gosta de ler e lá tem uma infinidade de livros. Acho que você vai se distrair até que eu volte e aí nós vamos conversar sobre isso. - disse deixando os materiais de lado e pegando um paletó que estava apoiado na poltrona ao lado do sofá em que eu estava. - Ok, eu vou me comportar senhor capitão - disse tentando exalar o sarcasmo na minha voz. Ele apenas negou com a cabeça e saiu porta a fora me deixando sozinha naquele apartamento enorme.

My Redemption Is YouOnde histórias criam vida. Descubra agora