De Volta a Estaca Zero

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ALÍVIO. Era o que eu sentia enquanto o médico falava que estava tudo bem comigo e que as dores passariam se eu seguisse suas recomendações e continuasse a tomar os antibióticos por mais uns dias. Mas isso durou pouco, muito pouco, milésimos de segundos aliás!

 Do que adiantava tanto otimismo se no fundo eu estava completamente fudida com a morte do meu pai pesando na consciência, e que o cara chamado Oliver, esse que me ajudou, saiba sobre o que eu fiz, ou não, já que ele me encontrou esfaqueada no beco. Embora eu devesse ser grata ele me assusta, eu podia sentir o cheiro de maldade, de raiva, eram tantas coisas que eu não saberia explicar. Gostaria que o médico, o tal de Peter ficasse por mais tempo, e se fosse possível não saísse de perto de mim, dessa forma eu me sentiria mas segura.

 Após um tempo onde só a minha respiração era audível pude escutar passos que vinham na direção do quarto em que estava. E antes de entrar totalmente no cômodo ele me encarou da porta, foi quando realmente parei para olhá-lo e apesar de todo aquele olhar frio ele era uma pessoa muito bonita, alto, seus cabelos estavam em uma bagunça organizada, ele não era cheio de músculos,mas pude perceber através de sua camisa de malha que ele tinha um corpo em forma. Sua pele era alva, seus olhos pareciam águas azuis de um oceano, a barba era inexistente e próximo a sua boca tinha uma pequena cicatriz que só quem estivesse atento com eu estava podia notá-la.

Arrumei minha posição para ficar sentada enquanto ele se aproximava da cama me analisando com os olhos de uma águia, meu estômago embrulhou de imediato, o medo me faz ficar assim. Como se a qualquer momento eu fosse colocar tudo para fora me encolho ainda mais na cabeceira da cama colocando minhas mãos na frente da minha boca com intenção de segurar a bile.

Puxando uma cadeira que estava no canto da parede ele se sentou próximo olhando para mim - Bom segundo Peter você está se recuperando bem, isso é bom, eu não tenho muito tempo, nós não temos muito tempo. - arrumou sua postura e continuou - Olha garota eu vou direto ao ponto aqui. Eu sei de tudo que aconteceu na sua casa, o que seu pai fazia com você, e sei também que matou ele a facadas! - a cada palavra proferida por ele era como se meu corpo mergulhado em águas muito frias. Eu estava em estado de choque, como ele sabia do que eu havia feito? E porque ele nunca fez nada para me ajudar enquanto eu era estuprada por meu pai? Que tipo de perversidade era essa dele que assistia e não fazia nada?

Antes que eu pudesse controlar meus pensamentos tornaram-se palavras de questionamentos para ele. - Você sabe de tudo isso é nunca me ajudou ? Eu...eu não queria fazer aquilo…  - ele me interrompe com um sorriso sarcástico - Haa, conta outra menina, você queria sim, eu sei que queria. No seu lugar teria feito isso bem antes e… - não, no fundo eu não queria matar a única pessoa que eu ainda tinha na vida. - Cala a boca! Você não sabe de nada,eu não queria, eu fui obrigada a fazer isso.

E se você sabe que eu fiz isso com ele porque me proteger naquele beco? Você deveria ter medo de mim já que sou uma assassina!  - a gargalhada dele era alta e causava-me um arrepio sinistro na espinha. Tentando controlar a gargalhada ele olhava para mim ainda com lampejos de sorriso no rosto - Nossa menina obrigada pelo senso de humor a tempos que eu não ria dessa forma!   - Como se estivesse interpretando ele parou de rir e ficou totalmente sério me encarando e falando em tom de ameaça - Mas eu devo te dizer que a única que deve sentir medo aqui é você, já matei tantas pessoas que seria impossível contabilizar. - Um lampejo de coragem começa a brotar dentro de mim e antes que dê tempo dele esboçar alguma reação me levanto da cama o mais rápido que posso na tentativa de fugir dele, mas é em vão. Antes mesmo que eu consiga chegar a porta ele agarra em meu braço e meus cabelos me trazendo de volta para cama e me atirando nela e prendendo o meu corpo com o dele. Solto um grunhido pela dor causada, e me debato na tentativa inútil de me safar dele.

Com uma de suas mãos livres começa a fazer pressão em meu pescoço me enforcando. - Olha bem pra mim garota - diz com o rosto próximo ao meu. E isso me causa um pânico terrível por me fazer lembrar as vezes em que o meu pai abusava de mim. - Mais uma gracinha dessas… uma tentativa falha de fugir que seja e eu acabo com você. Entendeu ? - eu não esboço reação e isso o irrita ainda mais fazendo com que a pressão aumente sob o meu pescoço - ENTENDEU GAROTA !?! - a única coisa que consigo fazer é assentir levemente devido ao aperto firme. Ele continua na mesma posição por alguns segundos me liberando e voltando a cadeira logo em seguida.Encolho-me novamente, e busco por ar inspirando com força.

- Acho bom você seguir minhas regras, isso facilitará a minha vida e a sua. Mais enfim, eu tenho uma proposta de “trabalho” por assim dizer. Mas quero deixar claro que a sua recusa não é uma opção. Porquê ou você aceita ou então vai ter o mesmo destino do seu pai! Mas tanto você como eu estamos alterados, vou deixar para te explicar melhor pela manhã. - levantando-se da cadeira e indo em direção a porta. Pegando a chave e mostrando ela para mim com um sorriso diabólico nos lábios. - E só por causa da sua palhaçada vai ficar trancada aqui até amanhã de manhã. Mais tarde trago alguma coisa para você comer. Pensa melhor na próxima vez que tentar outra gracinha dessas, eu posso não ser tão paciente com você Brianna! - saiu me deixando com o coração na mão e várias perguntas que continuavam sem respostas. Que raio de trabalho é esse que não me dá uma rota de fuga?

My Redemption Is YouOnde histórias criam vida. Descubra agora