Meu Imortal - A Maldição De Viktor

Capítulo XXVI - Sonhos disformes

 Boa leitura :D

___________________________________________________________________________________________________

     Viktor deslizava sua mão pálida pelo belo pêlo negro de sua égua e fiel companheira. A olhava, mas não a enxergava uma vez que seus pensamentos haviam lhe levado para muito além daquele celeiro.

      Na cabeça dele, a única coisa que se materializava era cena daquele pássaro e Kristen sendo ferida daquela maneira brutal como se fosse uma espécie de vingança. Entretanto, ele sabia que aquele não era apenas um corvo qualquer.

        Depois do incidente Viktor não havia visto Kristen pois ela estava incapacitado para sair do quarto sem sentir dor. Margareth cuidara dela como sempre fazera com ele próprio e, embora preocupado com a moça, ele sabia que ela estava em boas mãos.

     A imagem de Kristen gritando de dor enquanto seu corpo era perfurado ainda estava gravada perfeitamente em sua mente como se tivesse acabado de acontecer. Todavia, embora uma cena desesperadora, ele lembrava-se que aquela não havia sido a cena que marcara de fato sua noite.

A imagem a ave negra sobre suas mãos ainda estava vívida em sua cabeça. Quando conseguira retirar aquele pequeno servo da noite de cima de Kristen, matando-o quando pegara uma das facas dos talheres que estavam por sobre a mesa e cravando no pequeno crânio daquele animal, o que vira depois disso ainda lhe assombrava como um fantasma.

    Quando Margareth saira do local com Kristen sobre seus cuidados, ele não conseguiu conter suas mãos nervosas a apertar seus cabelos em um gesto desesperado a tentar entender aquilo. Seus olhos amarelos varriam o ambiente na procura de algo. Aquilo haveria de ter uma explicação, ele pensou, e desesperado ele buscava entender.

Ele aproximou-se da janela onde o vidro quebrado ainda tinha poucos resquícios do sangue do animal. Ele analisou aquilo tentando entender o que levaria aquela ave a agir de forma tão agressiva. Ele então olhou para fora do ambiente, buscando entender se algo poderia ter agitado aquele pequeno animal. Tudo parecia perfeitamente normal.

Deuses, será que estava ficando maluco? Talvez aquela não houvesse nada de estranho, talvez fosse apenas uma ave que por algum motivo estava demasiada nervosa. Ele passara a mão sobre seus cabelos, afastando-se da janela com sua cabeça imersa em um caos. Talvez ele só estivesse com medo de que seu passado lhe assombrasse novamente. Ele respirou fundo, passando sua mão por sobre o rosto.

No entanto, quando resolvera abrir seus olhos novamente, e o deixara pousar por sobre o pássaro que ainda tinha o talher em sua cabeça, ele não pudera evitar o baque em seu corpo. Instantaneamente, ele sentira como se tudo estivesse sumindo ao seu redor, e somente aquele cadáver negro pudesse ser visto pelo seus olhos. Sentindo seus pés vacilarem, ele aproximou-se, sentindo como se cada passo fosse pesado demais para si. O sangue do animal escorria sobre a mesa forrando uma pequena parte da madeira de vermelho. Mas, já próximo o bastante daquele pequeno cadáver, ele pudera ver com perfeição o desenho de um pentagrama feito com o sangue daquela ave.

         Seu corpo pálido e gelado pareceu gelar ainda mais e ele  não conseguiu conter a reação instantânea de seu corpo ao fitar aquele círculo vermelho que seus olhos lhe mostravam. De perto ele pôde observar com perfeição o que seria o motivo de seu tormento dali para frente. Ela sabia exatamente o que aquilo significava.

Magia negra.

       Levando lentamente uma de suas mãos até aquele cadáver, ainda sentindo o corpo rígido, ele retirou uma das luvas e deslizou os dedos gélidos por sobre o líquido vermelho borrando um pequena parte do círculo. Ele fitou seus dedos molhados com o líquidos escarlate quando logo suas memórias a algum tempo adormecidas pareceram materializar-se novamente em sua frente.